quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Zeca do PT quer que Justiça proíba propaganda do governo (Aline dos Santos)

Marcelo Victor


Zeca e bancada do PT comunicaram presidente do TRE sobre ação contra propagandas

O ex-governador Zeca do PT, que é pré-candidato ao governo, vai pedir que a Justiça Eleitoral proíba as propagandas do governo estadual. “Vou provocar o Ministério Público para que tome providências em relação a essa propaganda eleitoral antecipada”, afirma Zeca.

Formalmente, o pedido de providências será entregue às 14h ao procurador regional eleitoral, Pedro Paulo Grubits Gonçalves de Oliveira. Porém, Zeca e os deputados estaduais Paulo Duarte, Pedro Kemp, Amarildo Cruz e Pedro Teruel foram hoje pela manhã ao gabinete do desembargador Luiz Carlos Santini, presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

“Vim para manifestar o respeito e apreço à Justiça Eleitoral e ao doutor Santini”, disse, ao justificar a visita.

Na ocasião, Zeca lembrou que em 2002, quando era governador e disputaria a reeleição, o PSDB acionou a Justiça contra propaganda eleitoral antecipada. “O Santini me condenou a pagar multa”, recorda.

No outro extremo, afirma que, no passado, denunciou à justiça propagandas de Pedro Pedrossian (ex-governador) e de Lúdio Coeelho (ex-prefeito da Capital). “Provoquei a justiça para tirar o chapéu do Lúdio e a estrela do Pedrossian”.

No caso específico de André Puccinelli, Zeca reclamou da propaganda institucional que divulgou a pavimentação asfáltica entre Corguinho e Rio Negro. “Essa propaganda criticou o governo passado e não é verdade o que eles estão falando”. De acordo com Zeca, a propaganda disse que a obra inconclusa foi herdada de seu governo.

De acordo com o advogado Valeriano Fontoura, a propaganda do governo estadual não atende o princípio da impessoalidade. A partir do pedido de providência, o Ministério Público Estadual decide se fará ou não a denúncia à Justiça Eleitoral.

A intenção é que seja proibida veiculação de propagandas alusivas a pessoa do governador, além de multa de R$ 12 mil por cada propaganda em caso de descumprimento.

No pedido, Zeca argumenta que “André vem realizando, as expensas do Poder Público, propagandas travestidas de publicidade e informe institucional para promover sua reeleição”.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Em reunião com André, pedetistas anunciarão quem sai

Fernanda Mathias e Fernanda França

As decisões sobre quem fica e quem sai do PDT serão anunciadas pelos quatro parlamentares da bancada durante reunião marcada para às 17 horas na governadoria, com o governador, André Puccinelli (PMDB).

Neste momento ocorre na Assembléia Legislativa reunião entre os parlamentares. O que se comenta extraoficialmente é que o coronel Ivan de Almeida e o deputado Antônio Braga devem permanecer no PDT, mas Ary Rigo e Onevan de Matos saem por conta dos últimos desentendimentos em função da interferência da cúpula nacional.

O deputado Antônio Braga condicionou a permanência no partido ao apoio de coronel para seu projeto de lançar candidatura para deputado federal. O partido sofreu intervenção durante visita recente do ministro Carlos Lupi que convocou uma comissão provisória, sob o comando do ex-conselheiro João Leite Schimidt, diante dos desentendimentos entre o grupo de Rigo e do deputado federal Dagoberto Nogueira. Rigo esperava se reeleger presidente regional da legenda no dia 3 de outubro, durante convenção que já estava inclusive agendada.

Dentre os partidos que sondam os deputados, diante da previsão de saída de pelo menos dois parlamentares, está o PSDB. O presidente regional do PSDB, deputado estadual Reinaldo Azambuja, confirmou ter feito convite para os quatro parlamentares e que espera resposta. Segundo ele, dos quatro Rigo e Onevan sinalizaram que ir para o PSDB é “um caminho seguro”.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PT receia que aliados troquem Dilma por Ciro e Serra

Em público, o petismo recobre sua presidenciável, Dilma Rousseff, com um manto de otimismo. Nos subterrâneos, dá-se coisa diversa.



O PT passou a ruminar o receio de que os sócios minoritários do consórcio partidário do governo troquem Dilma por outros candidatos.



Legendas como PTB, PP e PR já flertam com uma opção tucana: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).



Aliados mais à esquerda –PDT e PCdoB— passaram a considerar a hipótese de se agregar à caravana de Ciro Gomes (PSB).



O reboliço é tonificado pelo desempenho da chefe da Casa Civil nas pesquisas de opinião.



Desde que Marina Silva (PV) entrou na briga, a candidata de Lula exibe posição estacionária, com viés de baixa.



Serra também caiu. Mantém, contudo, uma liderança ainda folgada. Em movimento inverso, Ciro cresce. O PT enxerga nas sondagens um retrato provisório e reversível.



Não há, por ora, petista que se anime a contemplar a hipótese da ausência de Dilma no segundo turno de 2010. Porém...



Porém, o petismo inquieta-se com o fato de Dilma ter estagnado num instante em que, pelos planos originais, deveria crescer.



Justamente a hora em que os partidos começam a se embrenhar nas negociações que resultarão nas alianças de 2010.



Lula e o PT haviam idealizado para Dilma um cenário de prestígio crescente. Em escalada progressiva, bateria, entre dezembro e janeiro, na casa dos 30%.



Algo que seria facilitado pelo prestígio de Lula e pela impressão das digitais de Dilma nos programas do governo –o PAC, o milhão de casas populares e o pré-sal.



O temor do PT não é infundado. Embora ocorram abaixo da linha d’água, os primeiros movimentos partidários já começam a ganhar a superfície.



Integrantes da cúpula do PT detectaram as seguintes pegadas:



1. Ciro e o governador pernambucano Eduardo Campos, presidente do PSB, tricotam com PCdoB e PDT.



Na seara comunista, participam das conversas Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Renato Rabelo, presidente do PCdoB.



No PDT, o flerte se dá com o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical.



2. O deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB, move-se em todas as direções, menos no rumo de Dilma.



Tentou, sem sucesso, empinar uma candidatura presidencial de Henrique Meirelles, presidente do BC. Em privado, revela pendores tucanos.



Jefferson tem uma queda política pelo governador tucano de Minas, Aécio Neves. Acha-o um candidato leve. Mas não demonstra aversão por Serra.



3. O deputado cassado Valdemar da Costa Neto, espécie de dono do PR, passou a difundir a versão de que a canoa de Dilma furou. Como opção, cita Serra.



4. O senador Francisco Dornelles (RJ), presidente do PP, revela-se, entre quatro paredes, irritado com o assanhamento do petista Lindberg Farias.



Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg ameaça candidatar-se ao governo do Rio mesmo contra a vontade de Lula. Algo que deixa Dornelles desalentado.



Diz-se no PT que, se o PSDB já tivesse optado por Aécio, sobrinho de Dornelles, o PP seria caso perdido. Tenta-se evitar que o indesejável se dê também com Serra.



Para complicar, os partidos pequenos e médios abrigados sob o guarda-chuva de Lula irritam-se com a preferência que o presidente e o PT dão ao PMDB.



Há dois dias, o grão-pemedebê Michel Temer (SP) esboçou com Dilma um pré-acordo eleitoral a ser celebrado em outubro.



PTB, PR e PP, legendas que frequentam a beirada direita da tigela governista, sentem-se alijadas.



O PCdoB, assentado na beirada esquerda da tigela, é seduzido pelo pedaço do discurso de Ciro que realça o déficit moral que permeia a união de petês com pemedebês.



A eventual migração de aliados para quintais vizinhos preocupa sobretudo porque transferiria de Dilma para candidatos rivais valiosos minutos de tempo de televisão.



O PT planeja reagir em duas frentes. Vai cobrar de Dilma o retorno à vitrine. Ela se diz “curada” do câncer. Então, é hora de arregaçar as mangas do tailler.



De resto, pretende-se voltar os olhares para além dos limites do PMDB. Foi para o beleléu a pretensão de fazer de 2010 um plebiscito Lula-PT X FHC-PSDB, o "futuro" contra a "volta ao passado".



Até por isso, passou-se a considerar que o desprezo aos parceiros supostamente menos relevantes é coisa que escapa ao bom senso.

Escrito por Josias de Souza às 06h22

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lula pressiona André a apoiar Dilma,diz Folha de São Paulo

William Franco

Nas vésperas do prazo final de filiações partidárias -a um ano das eleições de 2010, marcadas para 3 de outubro- o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), se dedicam à consolidação de palanques e cooptação de aliados nos Estados. Os dois trabalham ainda para debelar crises em suas bases de apoio.
Disposto a oferecer palanques confortáveis à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Lula tem investido nos líderes em cada Estado. Segundo petistas, o presidente está convencido que o sucesso das negociações -sobretudo com o PMDB - depende da costura regional.

Palcos de turbulência, cinco Estados são apontados como essenciais para viabilizar um apoio formal do PMDB ou, ao menos, para impedir uma adesão do partido ao PSDB: Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará e Goiás.

Em alguns casos, Serra e Lula disputam o mesmo território. É o caso do Paraná. Na quarta-feira, numa conversa no Palácio do Planalto, Lula propôs uma aliança ao senador Osmar Dias (PDT-PR). Na sexta, o senador integrava a comitiva presidencial em viagem ao Paraná.

Segundo Osmar, o presidente prometeu reproduzir, no Estado, sua ampla base de sustentação. Só que Osmar tinha um compromisso com o PSDB. "Em 2008, apoiei o prefeito Beto Richa em troca de apoio para governador. Como eles esqueceram esse acordo, estou negociando com esse campo", queixa-se Osmar.

No Estado, a aliança com Osmar sofre a oposição do governador Roberto Requião (PMDB). Os planos de Lula esbarram ainda numa articulação de parte do tucanato que defende um acordo com Osmar para desidratar Dilma no Estado.

No dia 8 de setembro, Serra chegou a ventilar a hipótese durante conversa com Richa no Palácio dos Bandeirantes. O prefeito é contra. "Coloquei meu nome à disposição há três semanas para pararem de dizer que eu desistiria", disse Richa, que disputa a preferência tucana com o senador Álvaro Dias.

No Mato Grosso do Sul, a ofensiva é sobre o governador André Puccinelli (PMDB). Antes em negociação com o PSDB, Puccinelli agora diz publicamente que, a pedido de Lula, abrirá palanque para Dilma no Estado. Com uma condição: o PT não poderá concorrer ao governo. "Zeca do PT será candidato", diz o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Na Bahia, é Serra quem avança sobre o PMDB, hoje em pé-de-guerra com o governador Jacques Wagner (PT). Aliado do ministro Geddel Vieira Lima (Integração), o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), já agendou uma reunião com Serra.

É na Bahia que PT e PMDB travam batalha das mais violentas. Para atrair PP e PDT -até então aliados de Geddel-, Wagner ofereceu a esses partidos secretarias recém-entregues pelo PMDB.

Na segunda-feira, Serra endossou convite do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas para que a deputada Rita Camata (ES) troque o PMDB pelo PSDB.

Em Goiás, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é causa de apreensão. Sua possível filiação ao PP impõe, segundo petistas, risco à aliança com PMDB. Após conversas com Lula -"o presidente sempre pergunta sobre o Estado"-, o prefeito de Goiânia, Íris Rezende, convidou Meirelles para o PMDB.

Mas, no PP, a candidatura de Meirelles tem duas vantagens: o apoio do governo do Estado e a adesão dos democratas.

"Se o PP tiver candidato, o DEM poderá se aliar com Meirelles, em vez do PSDB", admite o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Lula -que, quinta-feira conversou com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), na tentativa de aplacar a crise com o PMDB- deverá arbitrar no Rio e em Minas.

No Rio, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, ameaça implodir a aliança do PT com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Mas é Serra quem enfrenta situação mais delicada. Com a hipótese de lançamento da candidatura de Marina Silva (PV) à Presidência, o tucano pode ver seu palanque desmoronar no Estado.

Até então candidato de Serra no Rio, o deputado Fernando Gabeira (PV) avisou na sexta-feira que pensa em desistir da disputa ao governo. "É desconfortável essa ambiguidade: ter um candidato à Presidência, e os aliados, outro".

Em Minas, o quadro só ficará definido depois da convenção do PT, objeto de disputa do ministro Patrus Ananias com o ex-prefeito Fernando Pimentel. Em comum, a defesa de candidatura própria, em detrimento do PMDB.

"Nunca o PT esteve tão perto de conquistar o governo", argumenta Pimentel. "Não tem como se lançar candidato e admitir abrir mão da candidatura", diz Patrus.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Serra e Dilma caem; Ciro sobe, diz Ibope


Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Atualizada às 12h13

Pesquisa do Ibope sobre a eleição presidencial de 2010 revela que o pré-candidato do PSDB José Serra caiu 4 pontos percentuais em relação ao levantamento realizado em junho.

No único cenário em que é possível comparar os dados, Serra passou de 38% para 34%.

Apesar da queda, o governador de São Paulo lidera em todos os três cenários em que aparece.

A intenção de votos para Serra oscila entre 34% e 35%, dependendo dos seus adversários.

A pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), atinge entre 14% e 18%. Dilma caiu nos dois cenários em que aparece e em que é possível a comparação com a pesquisa realizada em junho.

Quem mais subiu foi o pré-candidato do PSB, o deputado federal Ciro Gomes (CE).

Ciro diminuiu a diferença em relação a Serra no cenário em que é possível comparar os dados anteriores: a diferença entre os dois caiu de 26 pontos para 17 pontos.

Ciro atinge entre 14% e 28%, dependendo do cenário.

Ciro ganha de Dilma e lidera em todos as simulações quando o candidato do PSDB é o governador de Minas, Aécio Neves.

Nos cenários em que o candidato tucano é José Serra, Ciro aparece empatado com a ministra.

A pré-candidata do PV, senadora Marina Silva (AC), tem entre 6% e 11%. Heloisa Helena, vereadora do Psol em Maceió (AL), varia entre 8% e 13%.

Os números são da pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira (22), contratada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

A pesquisa foi realizada entre 11 e 14 de setembro com 2.002 entrevistado de 142 municípios. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Rejeição
Dilma Rousseff e Heloísa Helena (Psol) são as candidatas com a maior rejeição entre os seis pré-candidatos testados pelo Ibope: 40% dos eleitores dizem que não votariam de jeito nenhum em cada uma delas.

Entre todos os candidatos, Serra é o mais conhecido e também o que tem a menor rejeição. Segundo a pesquisa, 66% dizem que o conhecem e somente 30% dizem que não votariam nele de jeito nenhum.

A candidata menos conhecida é Marina Silva - apenas 18% dos entrevistados dizem saber quem é a ex-ministra do meio ambiente.

Avaliação do governo Lula

A avaliação, aprovação e confiança do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram estáveis entre junho e setembro. Segundo o Ibope, 68% avaliaram o governo como ótimo e bom em junho. Em setembro, o número passou para 69%. A avaliação regular passou de 24% para 22%, enquanto que a de ruim e péssimo oscilou de 8% para 9% no período. O melhor índice que o governo obteve foi de 73% de ótimo e bom em dezembro de 2008.

Já a aprovação ao governo Lula passou de 80% em junho para 81% em setembro. Os que desaprovam são agora 17%, contra 16% no levantamento anterior. A confiança no governo estacionou em 76%.

Educação em alta
Em setembro, houve um aumento na confiança dos entrevistados sobre a atuação do governo em todas as nove áreas investigadas pela pesquisa.

Apesar da melhora, quatro itens ainda são desaprovados pela maioria da população: juros, impostos, saúde e segurança pública.

A área com a maior melhora do governo foi a educação. A aprovação da atuação do governo na área subiu dez pontos percentuais e agora é de 69%.

Pré-sal é a notícia mais lembrada
Entre as notícias mais lembradas pelos entrevistados, a que aparece em primeiro lugar é o anúncio do marco regulatório do pré-sal. Segundo a pesquisa, 16% disseram lembrar dessa informação. Em seguida, aparece a crise do Senado Federal (15%) e a compra de caças pela FAB, a Força Aérea Brasileira (11%).

Questionados especificamente sobre o pré-sal, 59% dos entrevistados dizem que já ouviram falar da exploração do petróleo na camada pré-sal. Outros 39% dizem que nunca ouviram falar.

Segundo a pesquisa, baixou de 78%, na pesquisa anterior, para 71% aqueles que consideram a crise econômica mundial muito grave. Ainda segundo o Ibope, 52% dos entrevistados dizem que o governo teve uma atuação positiva no combate à crise.

Mais de metade dos entrevistados (59%) acha que a saúde deve estar entre as áreas prioritárias para o próximo presidente. Em seguida, estão educação (44%), empregos (35%) e segurança (30%).

UOL Celular


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A idéia do Estado mínimo "já era"

domingo, 20 de setembro de 2009

'Tese do Estado mínimo é uma tese falida’, diz Dilma

Sérgio Lima/Folha
Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil e presidenciável de Lula, falou ao repórter Valdo Cruz. A entrevista escalou a manchete da Folha.



Para início de conversa, o repórter instou Dilma a comentar uma frase atribuída ao grão-tucano FHC.



O antecessor de Lula defendera um Brasil “mais aberto”. Um país que não parecesse tão dependente das vontades de um homem só.



Dilma respondeu com uma pergunta: “A quem ele está se referindo?” E o repórter: “Ao presidente Lula”.



“Se você acha isso, eu não tenho tanta certeza”, Dilma emendou. A ministra entabulou uma defesa do chefe:



“Se tem um presidente democrático, é o presidente Lula. Agora, ele jamais abrirá mão de suas obrigações. Entre as obrigações está mandar algumas coisas...”



“...Por exemplo, fazer o Bolsa Família. Ele mandou que não fizéssemos aventura nenhuma com a taxa de inflação”.



O repórter manteve FHC na roda. Esmiuçou a pergunta. Disse que o comentário do ex-presidente “embute a análise” de que, sob Lula, o governo é intervencionista.



Dilma foi à jugular do tucanato: “Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise...”



“...Diziam: ‘o governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional’. Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando”.



Foi nesse instante que a ministra-candidata teorizou sobre o “Estado mínimo”. Acha que a crise financeira global como que aniquilou a tese:



“Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade...”



“...O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins...”



“...Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja”.



O repórter cuidou de reacomodar FHC no centro da conversa. Perguntou a Dilma se, submetido à mesma crise, o tucanato teria seguido o receituário do governo Lula.



A ministra simulou comedimento: “Eu não gosto de polemizar com um presidente, porque ele tem outro patamar”. Em seguida, entregou-se gostosamente à polêmica:



“Os que apostam e ficam numa discussão, que, além de enfadonha, é estéril, de que há uma oposição entre iniciativa privada e governo, gostam de discussão fundamentalista...”



“...É primário ficar nessa discussão de que o governo, para não ser chamado de intervencionista, seja um governo omisso, de braços cruzados, que não se interessa por resolver as questões da pobreza nem do desenvolvimento econômico”.



Essa interferência mais viçosa não conduz a uma visão estatizante e a um viés eleitoreiro, como apontado pela oposição no caso do pré-sal?



Dilma empilhou as “acusações” feitas pela oposição: “Eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista”.



Disse que enxerga virtude onde os rivais só vêem defeito: “Tem algumas [qualificações] que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita...”



“...Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?”



E quanto à pecha de estatizante? “Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo”.



Intervencionista? “Não somos”, respondeu Dilma, secamente. Eleitoreiro? “Não. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro”.



Um pedaço da entrevista foi dedicado a um tema inevitável: a eleição de 2010. Vão abaixo algumas das declarações de Dilma:







- Feitos de Lula dignos de ser expostos em palanque: “Eu acho que três, que vamos deixar de legado: crescimento econômico, inflação sob controle e o fato de termos elevado à classe média milhões de brasileiros. Outro dia, o último dado dava quase 25 milhões de pessoas [...].”



- Outros feitos: “[...] Tem o PAC. E tem mais uma coisa, a questão da nossa soberania, o fato de termos sido capazes, mantendo a nossa soberania, de ter uma política externa de diversificação de parceiros. O Brasil acabou com a submissão que tínhamos aos Estados Unidos, à Europa, e passou a ser um ‘player’ internacional. E o presidente fez isso magistralmente [...]. Hoje nós não temos mais aquilo que o Nelson Rodrigues chamava de complexo de vira-latas [...]”.



- E quanto aos erros? “Nós acertamos mais do que erramos. Olha, se aquele assessor do Clinton tinha razão, ‘é a economia, estúpido’, eu acho que o presidente Lula tem um governo que não é só economia. É, como eu disse, o social, o nacional e o internacional. Então, acho que, pelo menos, nós deixamos um grande legado”.



- Suficiente para que Lula eleja o sucessor? “Esperamos que sim, mas, se não for suficiente, é um bom legado”.



- Qual será a mensagem da campanha? “Não tenho a menor ideia, porque não sou marqueteira, não tenho esse talento. Mas no dia que eu tiver clareza disso eu te conto”.



- Simpatia e jogo de cintura: “De preferência, [um candidato deve] ser simpático e ter um de jogo de cintura. [Se não tiver], a pessoa sofre. Eu não sei ainda [se vou sofrer]. Mas a gente sempre sofre, não dá para achar que o mundo é um paraíso, que a gente vive em um mar de rosas”.



- Imaginou um dia que seria candidata? “Se você perguntar para mim se alguma vez imaginei disputar, não. Imaginei não”.



- Sente-se preparada para o desafio? “Eu não sei [...]. Não vou entrar na sua, especulando sobre candidatura [...]. Não, não vou. Não. Agora encerramos essa conversa de candidatura. A gente retomará, oportunamente, se for o caso, em 2010 [...]. Isso é um assunto para ser tratado depois das convenções dos partidos, do PT”.



- O câncer: “Vou fazer [exames] no final da próxima semana. Aí nós vamos fazer de fato o anúncio oficial da minha situação de saúde. Mas eu tenho absoluta certeza de que estou curada".



- A doença a modificou? “Muda, muda. Você dá mais importância a coisas menores. Por exemplo, você dá importância ao sol batendo nas folhas, você olha o mundo com outros olhos [...]. Dá uma imensa importância para a vida e suas manifestações. Árvores, flores, você olha mais, e dá mais importância para o mundo de uma forma mais tranquila, mais calma. Mesmo trabalhando 24 horas por dia. Fica mais forte. [...] Doente velho é um bicho muito esperto. Você fica esperto, fica mais forte”.



- O caso Lina Vieira: “Para mim, esse episódio está encerrado”.





Aos pouquinhos, Dilma vai agregando à sua imagem meio quilo de ideias. Foi levada à vitrine sucessória precocemente. Mas sabe-se pouco acerca do que pensa sobre o país.



É bom que fale. Deveria falar mais. Ajuda o eleitor a se definir. De resto, Dilma socorre a si própria. No momento, patina nas pesquisas.



Adicionando voz à imagem superexposta, pode amealhar intenções de voto. Ou não, diria Caetano Veloso.

Escrito por Josias de Souza às 05h02

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

José Alencar passa a noite internado em São Paulo


O Vice-Presidente, José Alencar voltou na noite desta quinta feira, a a fazer exames, e foi internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Alencar teve uma baixa imunológica, reflexo do tratamento ao qual se submete para combater um câncer no abdômen, informou sua assessoria de imprensa.

O hospital vai divulgar nota informando o estado de saúde do vice-presidente nesta sexta-feira.

José Alencar estava em Brasília, de onde foi transferido às pressas para São Paulo. Alencar chegou ao hospital por volta das 21h30 de ontem e passou por exames, onde ficou constatado que os níveis de hemoglobina, leucócitos e plaquetas estavam baixos. Ele foi submetido a uma transfusão de plaquetas.

De acordo com o "Jornal da Globo", os médicos decidiram manter o vice-presidente internado até que os exames se normalizem.

Alencar retomou as sessões de quimioterapia no início do mês, pouco depois de exames terem demonstrado que os tumores abdominais voltaram a crescer. O tratamento experimental que ele realizava nos Estados Unidos foi suspenso. O vice luta contra o câncer há 15 anos e já passou por 15 cirurgias.

Na última vez em que esteve no hospital, no dia 1º, Alencar falou das sessões de quimio. "O ideal é que ela [a quimioterapia] fosse uma bomba atômica, porque o tumor não é brincadeira. Mas vamos lutando, vamos usar as armas convencionais, e essa é uma delas", disse.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Câmara proíbe propaganda paga na internet em campanha

O Plenário aprovou, nesta quarta-feira, as três emendas do Senado sobre as campanhas eleitorais na internet incluídas no Projeto de Lei 5498/09.

A principal delas explicita que a manifestação do pensamento por meio da internet é livre, vedado o anonimato durante as campanhas.

Entretanto, fica assegurado o direito de resposta. A manutenção do texto foi definida em acordo entre líderes do Senado e da Câmara, com o objetivo de deixar claro que não haverá censura na rede mundial de computadores. O projeto segue agora para sanção presidencial.

O deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), relator da matéria pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), disse que a rejeição da grande maioria (64 das 67) das emendas mantém o pacto político feito quando o projeto foi votado na Câmara. “O texto da Câmara é bom, mas o do Senado explicita pontos que esclarecem melhor o uso da internet para evitar a interpretação de que haveria censura”, afirmou.

Os candidatos poderão usar a internet para fazer propaganda ou para arrecadar recursos, inclusive por meio de cartão de crédito. Entretanto, é proibida a propaganda paga.

A autoria do projeto é atribuída ao deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o primeiro dos líderes que assinaram o texto elaborado por um grupo de trabalho criado em junho pelo presidente Michel Temer. O grupo foi coordenado por Flávio Dino.

A rapidez na aprovação decorre do prazo curto para publicação do futuro texto, que termina no dia 3 de outubro, um ano antes das próximas eleições. O presidente da República tem 15 dias para sancionar o projeto.

Outra emenda do Senado aprovada permite a propaganda eleitoral gratuita na internet - seja em site eleitoral, blog ou outros meios eletrônicos de comunicação - nas 48 horas que antecedem o pleito ou nas 24 horas posteriores. A proibição existe no Código Eleitoral para a propaganda nas rádios, na televisão, em comícios ou em reuniões públicas.

A Câmara aprovou, também, emenda que acaba com o prazo de 24 horas para o provedor de internet retirar propaganda considerada irregular por decisão da Justiça Eleitoral. O prazo agora será determinado pela própria Justiça; se não atender à notificação, o provedor poderá ser multado.

Porém, ele somente será considerado responsável pela divulgação da propaganda se for comprovado que tinha conhecimento prévio da publicação do material. (Com informações da Agência Câmara).

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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Senadores aprovam continuidade de doações ocultas; saiba quem votou a favor e quem votou contra




Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília






Os senadores decidiram nesta terça-feira (15) que as doações para políticos devem continuar ocultas até o dia da eleição. O eleitor só saberá quem doou para cada candidato só depois de ter votado.






Atualmente, o político só é obrigado a fazer declarações genéricas antes da eleição. Nessas declarações, o candidato não é obrigado a divulgar quem são os doadores. Os partidos, por sua vez, só devem fazer as declarações no ano seguinte à eleição, o que dificulta a fiscalização das contas pela Justiça Eleitoral.






Pela emenda rejeitada, de autoria do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), os eleitores teriam acesso a uma lista com os doadores de cada candidato entre os dias 6 e 30 de setembro. O texto rejeitado também obrigava os partidos a declararem as doações antes das eleições realizadas no mês de outubro.








VEJA


A LISTA


DOS SENADORES



QUE PREFEREM



OCULTAR O NOME DOS SEUS



DOADORES A FIM DE ESCONDEREM SEUS VÍNCULOS COM INTERESSES



EMPRESARIAIS, PRINCIPALMENTE EMPREITEIRAS,



O QUE OS DESCARACTERIZAM COMO REPRESENTANTES DO POVO
































Veja abaixo a lista dos senadores que votaram contra e a favor dessa emenda.



terça-feira, 15 de setembro de 2009

Senado muda texto da reforma e aprova eleições diretas para substituto de cassados


GABRIELA GUERREIRO
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

O Senado decidiu nesta terça-feira mudar as regras de escolha dos substitutos de prefeitos, governadores e presidente da República cassados por crimes eleitorais. O plenário da Casa aprovou emenda à reforma eleitoral que determina a realização de eleições diretas para a escolha do substituto dos titulares em caso de vacância --em qualquer que seja o período da cassação.

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Na semana passada, o impasse em torno da mudança adiou a votação da reforma eleitoral. Depois de muitas discussões, os senadores chegaram a um acordo em torno do texto, que foi acatado pelos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Marco Maciel (DEM-PE) --relatores da reforma.

Sarney recua e agora diz concordar com eleições diretas
Mercadante diz estar otimista com liberação da web nas eleições
Lula diz que é impossível controlar uso da internet na campanha

O texto-base da reforma aprovado pelos senadores, de autoria de Maciel e Azeredo, estabelecia eleições diretas para a escolha do substituto dos cassados somente nos dois primeiros anos de mandato. Nos dois últimos anos, a proposta era a realização de eleições indiretas conduzidas pela Assembleia Legislativa do Estado.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), chegou a subir à tribuna da Casa para criticar a mudança nos casos de cassação de mandato dos governadores. Sarney, que teve a filha Roseana Sarney (PMDB) escolhida para substituir o governador cassado Jackson Lago (PDT) do Maranhão, disse que o Congresso não tem competência legal para mudar a regra atual.

Pressionado por colegas e pela opinião pública, Sarney recuou e passou a defender a proposta de Agripino --com eleições diretas em qualquer época do mandato. "Eu aceitei a proposta que o senador José Agripino [DEM-RN] fez na última sessão para que transformemos todas as eleições em eleições diretas quando houver qualquer cassação de mandato, seja em que tempo for", afirmou.

Sarney disse que a Justiça Eleitoral terá que "encontrar meios de resolver dentro do tempo necessário" as pendências para a realização de novas eleições.

Na defesa das mudanças, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse que o Senado tem o dever de aprovar a nova regulamentação para evitar que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) legisle no lugar do Congresso. "Não podemos deixar que, por falta de legislação, o TSE fique tomando decisões por nós. É melhor ter proposta sem segurança jurídica do que não ter nenhuma proposta", afirmou.

Para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), as eleições diretas são a única forma de garantir aos eleitores a efetiva escolha de seus representantes. "É improcedente caminhar nas eleições indiretas. Isso gera instabilidade política. O que passou, passou. Estamos legislando para frente, para o futuro do Brasil. Quando a Justiça Eleitoral cassar o mandato, que convoque em 90 dias eleição direta", afirmou.

Os senadores reconheceram, porém, que a mudança ainda não pode ser considerada ideal uma vez que, se a cassação ocorrer no último ano dos quatro de mandato do titular do cargo, haverá pouco tempo hábil para a realização de nova eleição.

Emendas

O Senado também aprovou emenda à lei eleitoral que permite aos candidatos manter os sites de campanha no ar nas 48 horas que antecedem a disputa nas urnas. A emenda também prevê que os sites podem ficar no ar 24 horas depois do pleito --o que modifica as regras atuais.

Pelas regras em vigor, estão vedadas desde as 48 horas antes até as 24 horas depois da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política na internet. Com a mudança, os candidatos estarão livres para fazer campanhas em seus sites pessoais durante a disputa nas urnas.



O Senado ainda rejeitou a emenda que estabelecia o chamado "voto impresso" como forma de assegurar a credibilidade da disputa.

Pelo texto, encerrada a votação, a urna eletrônica apuraria os votos automaticamente a partir do arquivo de registro digital dos votos, gravando arquivo de resultado e imprimindo boletim de urna com o resultado da votação para todos os cargos e respectivos candidatos votados.

Com a rejeição da emenda, o Senado manteve o texto-base da reforma eleitoral que prevê o armazenamento, por seis meses, dos dados eletrônicos referentes ao resultado das eleições --sem a necessidade de impressão do resultado das urnas.

O Senado também considerou prejudicada a emenda, do senador Renato Casagrande (PSB-ES), sobre as regras para debates no rádio, na televisão e na internet. Como a emenda repete o texto-base da reforma eleitoral já aprovada no Senado, o texto acabou prejudicado.

Pelo texto, as emissoras de rádio e televisão devem assegurar a presença de, pelo menos, dois terços dos candidatos nos debates. A reforma também obriga a presença nos debates apenas de candidatos filiados a partidos que tenham, no mínimo, dez representantes na Câmara dos Deputados.

O senador José Nery (PSOL-PA) tentou mudar a regra, mas acabou derrotado pelos colegas. Como o PSOL não tem dez parlamentares no Congresso, o senador teme que a pré-candidata do partido à Presidência da República, Heloísa Helena (AL), não tenha assegurada a sua participação nos debates.

O Senado ainda vai analisar mais seis emendas apresentadas ao texto-base da reforma eleitoral, entre elas as restrições para os sites jornalísticos atuarem no período das eleições.

Demora

A reforma eleitoral terá que passar por nova votação na Câmara antes de entrar em vigor, já que o Senado fará uma série de alterações ao texto aprovado anteriormente pelos deputados.

Para as mudanças estarem valendo nas eleições de 2010, o Congresso tem que concluir a votação da reforma eleitoral até o dia 30 de setembro.

domingo, 13 de setembro de 2009

Políticos "são bons exemplos de mentirosos", diz ator de série "Engana-me se puder"


LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

O ator é um fingidor. Alguns diriam até um mentiroso profissional. Talvez aí esteja a principal diferença entre Tim Roth e seu personagem na série "Engana-me se Puder" (péssima tradução para "Lie to Me", minta para mim).

O queridinho do cineasta Quentin Tarantino ("Pulp Fiction") interpreta especialista em revelar mentirosos a partir de microexpressões faciais e que não se esquiva de iludir as pessoas. Os políticos são alvos fáceis do seriado, que os coloca na mesma situação de alguns criminosos -- embora estes não se safem tão bem.

Roth, 48, acha que os políticos são "sempre bons exemplos de mentirosos". "Usamos outras profissões, mas o político é muito mais popular. O público adora. E é sempre engraçado." Imagine Barack Obama disfarçadamente mostrando o dedo médio para um jornalista que fez uma pergunta incômoda. Ou Bill Clinton tentando se livrar das recordações de Monica Lewinsky. Não importa o partido, vai ser divertido.

Divulgação
O ator Tim Roth, que interpreta o dr. Cal Lightman na série "Engana-me se puder"
O ator Tim Roth, que interpreta o dr. Cal Lightman, especialista em descobrir mentiras na série "Engana-me se puder"

Ele brinca que mente "na média" das pessoas, o que quer dizer três vezes numa conversa de dez minutos. Vai me enganar seis vezes nesta entrevista de 20 minutos? "Provavelmente vou", responde. Espero que não. Ou tudo o que for escrito a partir de agora estará errado.

Na primeira temporada, que já está à venda em DVD e entra no ar na Fox a partir do dia 29 de setembro, o dr. Cal Lightman se depara com a encruzilhada de contar a verdade, conforme seu próprio código de conduta, ou escondê-la e proteger sua parceira no trabalho.

No segundo ano da série, com estreia em 28 de setembro nos EUA, a trama mudou. "A primeira temporada foi experimental. Estávamos procurando o melhor jeito de contar essa história. No final, achamos o que funcionava melhor", entrega Roth. Talvez isso tenha a ver com a entrada de Shawn Ryan, criador de "The Shield".

O roteirista entrou no 11º episódio, que contava a história de um imitador de serial killer. A trama se passa dentro de uma prisão, é claustrofóbica e o dr. Lightman engana e se deixa enganar. "Era um capítulo bem assustador. Vamos fazer mais desse tipo. E também ressaltar o humor", diz ele, que filma o quarto episódio nesta semana. Para ele, esta nova temporada será mais levada pelo caráter dos personagens, mostrando os motivos de cada um agir de certa maneira e colocando todos em situações perigosas.

Os enredos são muitas vezes baseados em casos reais, como o 11 de Setembro e o desaparecimento da garota Madeleine. "Muitas vezes os roteiristas têm ideias baseadas em notícias. É basicamente uma mistura de realidade e ficção."

Seu jeito peculiar de andar e o forte sotaque londrino não são problema para Tim Roth, que adora usar a atuação física para desenvolver seus personagens. "Sempre usei meu físico. Gosto de fazer vozes diferentes. Quanto mais estranho e excêntrico for o personagem, mais me mantenho interessado nele. Papéis bizarros, por que não? Acho divertido. Nunca fui um astro romântico. Gosto mais de personagens palpáveis e reais."

Trabalho duro

Um dos maiores salários da TV norte-americana atual, ganhando em média US$ 250 mil por episódio, ele diz que, por causa da crise econômica, menos filmes são feitos e atores buscam empregos em outros lugares, como a TV. "Além disso, os canais estão oferecendo bons papéis dramáticos. Enquanto isso acontecer, bons atores vão migrar para a TV."

Mas não é como ator que Tim Roth foi mais feliz. Ele diz que o melhor emprego do mundo é ser diretor e espera em breve poder voltar para trás das câmeras. Ele não descarta inclusive dirigir algo na TV, mas não nesta temporada. "Agora vou estar sobrecarregado de trabalho. Talvez no próximo ano, se nos mantiverem no ar."

Pelo contrato, o seriado pode durar mais seis anos e meio. "A decisão é do estúdio. E do público. Tomara que fiquemos. Eu não me importaria de continuar sendo Cal Lightman."

Para Roth, televisão é sinônimo de trabalho duro. "Quando estou num seriado, trabalho mais horas durante um curto tempo. É mais parecido com o teatro, porque você tem de entrar no mesmo personagem por um longo período e se manter interessante naquela história. Nos filmes, você grava uma vez e deixa o personagem para trás. Aqui, tenho que manter o personagem dentro de mim. Mas só no set. Quando termina o dia de trabalho, eu deixo ele ir. E saio para me divertir."

ENGANA-ME SE PUDER
Quando: a partir do dia 29, às 22h, na Fox, ou R$ 99,90 (caixa com a primeira temporada)
Classificação: 14 anos

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sarney sobre a classe política: ‘Diminuiu a qualidade’

Marcello Casal/ABr



José Sarney falou ao programa “3 a 1”, da TV Brasil. A entrevista foi ao ar na noite passada.



A certa altura, o presidente do Senado foi instado a avaliar a classe política, à qual pertence há cinco décadas.



E Sarney: “Confesso que sinto que estamos diminuindo muito de qualidade”. Noutro trecho, o senador cobriu Lula de elogios.



Acha que, em meio à corrosão das instituições políticas, o presidente preserva a coesão do país. Sem ele...



"No dia em que nós tivermos um presidente que for tantã, aí isso aqui vira uma bagunça que não tem tamanho".



Sarney Incluiu Itamar Franco e FHC no rol dos presidentes que, por sensatos, souberam lidar com as crises.



Salvo do cadafalso do Conselho de (a)Ética graças à interferência de Lula, Sarney exibiu disposição inaudita para retribuir.



Disse que, no que depender dele, o PMDB fechará com a candidatura oficial de Dilma Rousseff.



“[...] Eu estou pagando um pouco por isso, justamente porque eu defendo que a melhor solução para o PMDB é acompanhar o acordo que tem com o presidente Lula...”



“...Acompanhá-lo na sucessão, para dar prosseguimento ao que ele está fazendo.”

Mais adiante: "A ministra representa a continuidade do governo Lula e, na medida em que as ações implementadas estão dando certo, se faz necessário prosseguir".



Curiosamente, Sarney não soou tão grato ao PT, dono de três dos nove votos que o livraram da grelha do Conselho de (a)Ética.



Para ele, há pedaços do petismo que não vêem com bons olhos a relação amistosa que mantém com Lula.



Sem nominar os bois do rebanho petista, Sarney disse que os nacos do PT que lhe são adversos ajudaram a convulsionar o Senado.



“Colaboraram até a última hora, nós assistimos a isso no desenrolar dessa crise".



Quanta ingratidão! Nesse diapasão, Eduardo Suplicy acaba puxando de novo o cartão vermelho.

Escrito por Josias de Souza às 05h46

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Índios atacam exploração apoiada por Marina Silva

FÁBIO ZANINI
enviado especial da Folha a Rio Branco

Defendida pela senadora Marina Silva (PV-AC), a exploração comercial de um fruto típico do Acre gerou um processo judicial por biopirataria contra a Natura. A gigante do setor de cosméticos tem relações próximas com a pré-candidata do PV a presidente.

A empresa é ré em uma ação do Ministério Público Federal na Justiça Federal do Acre em razão do suposto aproveitamento ilegal do fruto do murmuru, que é usado na produção de xampus e sabonetes.

A acusação é de uso comercial a partir do conhecimento tradicional do fruto pela etnia ashaninka, que vive na fronteira com o Peru.

Em 2001, o murmuru constava de um acervo de plantas do Acre levado por Marina à Natura, para possível exploração econômica. Em 2003, foi assinado um termo de compromisso nesse sentido entre a empresa e o governo do Acre, intermediado pela senadora.

A Natura é considerada exemplo de compromisso com o meio ambiente por Marina. Juntando doações da empresa e de seus diretores, foi a segunda maior contribuinte da última campanha da senadora, em 2002, com R$ 30 mil. Seu presidente, Guilherme Leal, é mencionado como possível vice na provável chapa de Marina em 2010. A maior doadora foi a Pirelli, com R$ 50 mil.

Em agosto de 2007, a Procuradoria entrou com ação contra a Natura e mais duas empresas de cosméticos, em nome dos índios, cobrando compensação financeira. "A Natura, embora negue, acessou conhecimento tradicional sobre o murmuru. [...] Não é digno de crença que, como gigante do ramo, não tivesse obtido dados a partir dos resultados das pesquisas junto aos ashaninkas", diz a ação.

"Uso indireto"

A base legal da ação é a medida provisória 2.186, de 2001, que assegura às comunidades indígenas "benefícios pela exploração econômica por terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento tradicional".

No caso, a Natura é acusada de "uso indireto", uma vez que o conhecimento teria sido repassado por um pesquisador que trabalhou com os ashaninkas nos anos 1990.

A empresa diz que teve acesso ao princípio ativo do murmuru na "vasta literatura científica" sobre o tema. A Procuradoria rebate que essa literatura baseou-se nas tradições dos ashaninkas, o que não isentaria a empresa de pagar pelo uso.

"Se você entrar na floresta procurando a esmo plantas, vai passar um século até achar algo. É evidente que foi pelo conhecimento dos ashaninka que se chegou ao murmuru", diz o procurador Anselmo Lopes.

A promotoria pede que os réus paguem 50% dos lucros obtidos com a venda dos produtos à base de murmuru como compensação. Ainda não há data para o julgamento do caso.

Outro lado

Marina Silva considera "natural" a disputa entre a Natura e os índios ashaninkas e evita tomar partido. "Seria eu me colocar no lugar de juiz", diz.

Segundo ela, há uma "zona cinzenta" no marco regulatório para exploração de produtos ligados a comunidades tradicionais. "Tem certa naturalidade em que haja esse tipo de processo. O problema é que não existe um regramento claro sobre acesso aos componentes da biodiversidade e conhecimentos tradicionais associados", afirma.

Marina é autora de um projeto de lei de 1995 apresentando um marco regulatório, nunca aprovado. Segundo ela, a proposta levada à Natura de exploração de plantas é compatível com a defesa de uma "economia verde".

"Eu sempre busquei empresários que tenham sensibilidade para a agenda do desenvolvimento sustentável. Agora, os problemas que surgem as empresas têm que resolver, e a Justiça tem que se pronunciar no mérito", disse.

Já a Natura nega que tenha se apropriado indevidamente do conhecimento tradicional dos ashaninkas e justifica o acesso ao murmuru com base na literatura científica sobre as propriedades da planta.

"Há trabalhos publicados sobre o tema desde 1941. Foi assim que obtivemos acesso ao princípio ativo", diz Rodolfo Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da empresa.

Segundo ele, a empresa não explora o produto no Acre, mas o acessa na região do Médio Juruá, no vizinho Amazonas, mediante compensação para comunidades locais. "Não houve dolo ou má-fé em nenhuma circunstância."

Guttilla afirma que o termo de compromisso assinado com o governo do Acre em 2003, que foi intermediado por Marina, acabou não prosperando e hoje está dormente. Segundo ele, a Natura remunera 23 comunidades em vários Estados pelo uso de produtos vegetais, o que beneficia 2.000 famílias.

O diretor declara que o uso do murmuru está registrado no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, ligado ao Ministério de Meio Ambiente, como manda a lei.


Arte/Folha