domingo, 28 de junho de 2009

Dilma contrata laudos que negam autenticidade de ficha

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, encaminhou à Folha dois laudos técnicos, por ela custeados, que apontaram "manipulações tipográficas" e "fabricação digital" em uma ficha reproduzida pela Folha na edição do último dia 5 de abril.

A ficha contém dados e foto de Dilma e lista ações armadas feitas por organizações de esquerda nas quais a ministra militou nos anos 60. Dilma nega ter participado dessas ações.

A imagem foi publicada pela Folha com a seguinte legenda: "Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu".

O laudo produzido pelos professores do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade de Campinas) Siome Klein Goldenstein e Anderson Rocha concluiu: "O objeto deste laudo foi digitalmente fabricado, assim como as demais imagens aqui consideradas. A foto foi recortada e colada de uma outra fonte, o texto foi posteriormente adicionado digitalmente e é improvável que qualquer objeto tenha sido escaneado no Arquivo Público de São Paulo antes das manipulações digitais".

O laudo produzido pelo perito Antonio Nuno de Castro Santa Rosa da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), ligada à UnB (Universidade de Brasília), chega às mesmas conclusões.

A ministra anexou o laudo da Unicamp em carta ao ombudsman da Folha. "Diante da prova técnica da falsidade do documento, solicito providências no sentido de que seja prestada informação clara e precisa acerca da "ficha" fraudulenta, nas mesmas condições editoriais de publicação da matéria por meio da qual ela foi amplamente divulgada, em 5 de abril de 2009", escreveu Dilma.

Em reportagem publicada no dia 25 de abril, intitulada "Autenticidade de ficha de Dilma não é provada", a Folha reconheceu ter cometido dois erros na reportagem original. O primeiro foi afirmar, na Primeira Página, que a origem da ficha era "o arquivo [do] Dops". Na verdade, o jornal recebera a imagem por e-mail. O segundo foi tratar como verdadeira uma ficha cuja autenticidade não podia ser assegurada, bem como não podia ser descartada.

O jornal também publicou um Erramos com os mesmos esclarecimentos. A ministra se disse insatisfeita, questionou a nova reportagem e decidiu contratar um parecer técnico.

Para a análise, os professores descartaram a imagem da ficha reproduzida pela Folha em sua edição impressa. Captaram na internet cinco imagens "com conteúdo similar ao utilizado pelo jornal Folha de S.Paulo". Dentre elas, escolheram como "objeto do laudo" a imagem divulgada no blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, que reproduz artigos que criticam o jornal e questionam a autenticidade da ficha.

Para os peritos, a imagem do blog era a que tinha "a maior riqueza de detalhes". Goldenstein disse à Folha que "todas as imagens são de uma mesma família" e que a qualidade da imagem publicada pelo jornal não é boa o suficiente para "análise nenhuma".

Os professores compararam a imagem com documentos reais que supostamente teriam alguma semelhança (papel, caracteres) com a ficha questionada. Trata-se de cópias de fichas de presos pela ditadura, hoje abrigadas no Arquivo Público paulista. Escolheram as produzidas entre 1967 e 1969.

Contudo, no Erramos e na reportagem publicados no final de abril, a Folha havia explicado que a origem da ficha não era o Arquivo Público. A imagem não é datada --relaciona eventos ocorridos entre 1967 e 1969, mas pode ter sido produzida em data posterior.

Para concluir que a fotografia foi "recortada e colada", os professores compararam a foto de Dilma com fotos que encontraram no mesmo arquivo. A ficha questionada não informa que a foto de Dilma foi obtida naquele arquivo.

Sobre a impressão digital contida na ficha, os peritos apontaram não ser possível nenhuma conclusão, devido à baixa qualidade da imagem.

Crimes negados

Ouvido pela Folha na última quinta-feira, Goldenstein disse que não leu o blog do jornalista em que captou a imagem analisada e tampouco a reportagem original da Folha. "Não estou criticando o que a Folha fez. Vou ser bem sincero, eu nem li a reportagem original da Folha. Não cabe a mim julgar absolutamente nada. Meu papel é analisar essas imagens digitais que estão circulando na internet. O que a ministra me pediu: "É possível verificar, é possível um laudo sobre a autenticidade/origem da imagem? É possível dizer se vieram ou não do Arquivo Público?"."

Doutor em ciência da computação pela Universidade de Pennsylvania (EUA), ele diz que foi o primeiro laudo externo que produziu em sua carreira. A ficha questionada era uma das imagens que ilustrava a reportagem original cujo título foi: "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto".

Na carta à Folha, Dilma escreveu: "Reitero que jamais fui investigada, denunciada ou processada pelos atos mencionados nesse documento falso e de procedência inidônea, ao qual não se pode emprestar nenhuma credibilidade".

A Folha tem procurado checar a autenticidade da ficha. Foram contatados três peritos de larga experiência na análise de documentos e um especialista em imagens digitais.

Todos disseram que teriam dificuldades em emitir um laudo, pois necessitavam do original da ficha, que nunca esteve em poder da reportagem. Disseram que a análise de uma imagem contida num e-mail não seria suficiente para identificar uma eventual fraude.

sábado, 27 de junho de 2009

Radar - Lauro Jardim

ljardim@abril.com.br



Lula vai trabalhar por Ciro
Wilson Dias/ABR
Desafio Ciro: exportado do Ceará para a disputa
em São Paulo

Evaristo Sa/AFP
Aposta Lula: ele se decidiu por Ciro


Hoje, na cabeça de Lula, o seu candidato ao governo de São Paulo é Ciro Gomes. Lula decidiu chamar os petistas paulistas para avisá-los: ele não quer que o PT lance candidato. Todos têm de estar unidos ao lado de Ciro. Marta Suplicy, que tem um bom naco do PT paulista sob o seu comando, será a primeira com quem conversará. Se o projeto decolar, o vice da chapa será o petista Emidio de Souza, prefeito de Osasco. Se melar, Emidio será o candidato. Na semana passada, numa conversa que teve como testemunha José Genoíno, Ciro respondeu assim sobre se era candidato: "Hoje, eu sou".



• Governo

Bye, bye, Mangabeira
Na terça-feira, dois anos depois de tomar posse, Mangabeira Unger deixa o governo Lula. Motivo: a Universidade Harvard não quis estender sua licença. Se continuasse no governo, Mangabeira perderia os 37 anos de benefícios que tem como professor da escola de direito de Harvard. A universidade não cedeu e Mangabeira retoma a carreira acadêmica.

Solução doméstica
Para o lugar de Mangabeira na Secretaria de Assuntos Estratégicos, a tendência de Lula é optar por uma solução doméstica. Ou seja, alguém da própria equipe de Mangabeira. Mas que a gulosa turma do PMDB ficará à espreita, não resta dúvida.
Marcelo Casal Jr./ABR
Na prancha Lina, a leoa da Receita: Lula está em busca de alguém para o seu lugar

Leão manso
Aos mais próximos, Lula revelou na semana passada que quer demitir Lina Vieira, secretária da Receita Federal há menos de um ano. Insatisfeito com o seu desempenho, Lula disse que chamará Guido Mantega para que ele arranje um nome para substituí-la. Lula está arrependido de ter tirado Jorge Rachid, antecessor de Lina, do comando da Receita.



• Câmara

O império da Câmara
Os longevos catorze anos em que Agaciel Maia ficou à frente da diretoria-geral do Senado, considerados fonte de grande parte dos problemas descobertos recentemente, não são fato isolado. Na Câmara, a longevidade de diretores-gerais também é norma. Adolpho Gigliotti exerceu essa função entre 1946 e 1962, Luciano de Souza, entre 1964 e 1977. E nos últimos 26 anos, desde o governo Figueiredo, apenas dois funcionários ocuparam o cargo: o atual diretor-geral, Sérgio Sampaio, há oito anos no posto, e seu antecessor, Adelmar Sabino, que ficou dezoito anos.



• Economia

Tela quente. E cara
A LG, Samsung e Philips, as três principais fabricantes de tevês com tela LCD (são donas de 75% do mercado brasileiro), estão mandando para o varejo novas linhas de aparelhos. Até aí, beleza. Mas os novos modelos também estão chegando com novos preços – em média 35% mais altos. Pela primeira vez a indústria optou por trocar toda a linha de uma vez só, e não ao longo de vários meses, como sempre aconteceu.



• CPI da Petrobras

Onça sem dentes
Ninguém sabe quando a CPI da Petrobras começará a funcionar de fato – afinal, nada funciona no Senado de José Sarney. Essa lenga-lenga deu tempo suficiente para que todas (repetindo: todas) as grandes fornecedoras da Petrobras botassem seu bloco no Senado: todos os senadores já receberam visitas e alertas dos fornecedores-doadores de campanha para que não pensem em ir com muita sede ao pote das investigações. No final das contas, a não ser que alguma coisa saia do controle, a CPI vai centrar fogo somente nos patrocínios e nas relações da Petrobras com as ONGs. Não passa disso.



• Infraestrutura

Copa do saneamento
O saneamento básico não constava nas exigências da Fifa para determinar a escolha das cidades-sede da Copa 2014. Se constasse, algumas capitais escolhidas teriam problemas. A partir de uma pesquisa sobre os impactos sociais da falta de esgoto, que a FGV e a ONG Trata Brasil lançam na quinta-feira, é possível fazer um curioso ranking. Na liderança, ficaria Belo Horizonte, a capital com mais acesso a esgoto do país (97% das residências têm), seguida por São Paulo (89,5%), Salvador (89%) e Rio de Janeiro (84%). Na lanterna, ficaria Natal, com 21% de domicílios conectados à rede de esgotos.



• Carros

Luxo para poucos
A marca de automóveis superluxo Bentley, hoje pertencente à Volkswagen, está desembarcando no Brasil no fim do ano. É para poucos: a montadora ficará satisfeita se vender uns dez carros por ano. Para quem estiver interessado, o modelo mais baratinho custa 1 milhão de reais.



• Brasil

Black is beautiful
No fim de agosto, um festival sobre a África (o Back to Black) levará ao Rio de Janeiro Graça Machel (mulher de Nelson Mandela), o bispo Desmond Tutu e o cantor inglês Bob Geldof.



• Televisão

Na bancada Bonner: em setembro, livro sobre
o Jornal Nacional

Em dupla, como sempre
William Bonner lança em setembro Jornal Nacional – Modo de Fazer, contando a história, os bastidores e o dia a dia do telejornal. Adivinhe quem fará o prefácio do livro, que comemorará os quarenta anos do JN. Fátima Bernardes.





Com Paulo Celso Pereira
Colaborou Felipe Patury

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Lula diz que pode voltar em 2014 se oposição vencer em 2010

da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem que pode voltar a disputar a Presidência da República em 2014 se a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), sua candidata a sucedê-lo nas eleições de 2010, perder as eleições. Em São Paulo, ele disse que a possível candidatura de Ciro Gomes (PSB-CE) "daria trabalho" a seus concorrentes.

Lula afirmou que, se eleger Dilma, vai trabalhar para reelegê-la em 2014, mas que, se a oposição vencer, ele pode voltar a disputar o Palácio do Planalto.

"Se a Dilma for eleita, eu vou torcer para ela fazer o melhor que alguém possa fazer neste país para ela ser candidata à reeleição. Ora, se for um adversário que ganhe, aí sim, pode estar previsto: 'Bom, em 2014 é possível voltar'", afirmou Lula em entrevista ao grupo de comunicação RBS, em Porto Alegre.

Ciro Gomes

Lula também disse que Ciro Gomes pode ser candidato ao governo do Estado. "Eu acho que o Ciro Gomes tem condições de ser candidato em qualquer lugar do Brasil que ele queira ser candidato", disse. Quem critica a eleição de Ciro em São Paulo argumenta que, apesar de paulista, ele construiu sua carreira política no Ceará.

O presidente disse, no entanto, que essa candidatura, por enquanto, é "só especulação", mas que "o Ciro Gomes daria trabalho em São Paulo".

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sarney diz que demissão de diretor será discutida com Mesa Diretora e líderes

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou nesta sexta-feira que a proposta de demissão do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, será discutida com a Mesa Diretora da Casa e com os líderes partidários.

"Diante da nova sistemática que nós adotamos e eu aprovei proposta no plenário do diretor ser escolhido e aprovado pelo plenário da Casa, eu tenho que conversar com a Mesa Diretora e com os líderes a esse respeito. Pela nova sistemática da aprovação do diretor pelo plenário, tenho que consultar a Mesa e as lideranças sobre a demissão dele."

Sarney afirmou que determinou a abertura de uma comissão de sindicância para apurar as responsabilidades sobre os atos publicados secretamente na Casa Legislativa.

"Diante das denúncias feitas pelo funcionário responsável por atos da Casa, tomei a decisão de mandar abrir uma comissão de sindicância de acordo com a lei. Que essa comissão seja acompanhada pela PGR [Procuradoria Geral da República] e por um auditor do TCU [Tribunal de Contas da União). Dessa maneira, iniciaremos processo para apurar a verdadeira responsabilidade. De acordo com o resultado da sindicância, teremos inquérito administrativo para punir os culpados", disse Sarney.

Reportagem publicada hoje pela Folha informa que as ordens para manter atos administrativos secretos no Senado vinham diretamente do ex-diretor-geral Agaciel Maia e do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. A afirmação feita pelo chefe do serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim.

O testemunho contradiz a versão de Agaciel e do presidente do Senado, José Sarney, de que a existência dos atos secretos se trata de "erro técnico". A descoberta dos atos secretos --medida usada para criar cargos ou aumentar salários sem conhecimento público- foi o estopim da mais recente crise na Casa. Entre 1995 e 2009, o Senado editou 623 atos secretos.

Sarney também determinou a criação de um portal de transparência dentro do Senado para que seja publicado tudo o que acontece dentro da Casa, "sem negar nenhuma informação ao público".

"Há auditoria externa na folha de pagamento. Ontem anunciei que iríamos fazer auditoria externa para os contratos firmados pelo Senado. Vamos ver a forma de contratar a auditoria externa. Essas providências atendem de imediato o que hoje foi anunciado."

Segundo ele, a comissão de investigação será escolhida com os melhores funcionários da Casa. "A comissão é independente e não tem nenhuma subordinação, a não ser à Mesa da Casa. A denúncia surgiu hoje. Estou tomando a providência imediatamente, de maneira que não se pode dizer os desdobramentos que terão."

Sarney disse que não será feito nenhum pré-julgamento. "Vários pessoas participaram, todos têm responsabilidade, se é verdade o que está sendo denunciado. Não podemos fazer nenhum pré-julgamento, para isso existe a comissão de sindicância. Eu não estou dizendo que o servidor é o único responsável."

O peemedebista disse ainda que se a comissão de sindicância indicar a responsabilidade de algum senador, o caso será remetido ao STF (Supremo Tribunal Federal). "A Constituição determina que imediatamente a competência seja deslocada para o STF, que é o órgão competente para averiguar e processar."

Crise no Senado

A disputa entre PT e PMDB pela presidência do Senado trouxe à tona uma série de irregularidades na Casa. Os dois partidos entraram em conflito após a vitória de José Sarney sobre Tião Viana (PT-AC) na eleição à presidência da Casa.

Dois diretores do Senado deixaram seus cargos após denúncias. Agaciel Maia deixou a diretoria-geral da Casa após a Folha revelar que ele não registrou em cartório uma casa avaliada em R$ 5 milhões.

João Carlos Zoghbi deixou a Diretoria de Recursos Humanos do Senado depois de ser acusado de ceder um apartamento funcional para parentes que não trabalhavam no Congresso.

Reportagem da Folha mostrou ainda que mais de 3.000 funcionários da Casa receberam horas extras durante o recesso parlamentar de janeiro. O Ministério Público Federal cobrou explicações da Casa sobre o pagamento das horas extras trabalhadas no recesso.

Em março, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso, foi acusada de usar parte da cota de passagens do Senado para custear a viagem de sete parentes, amigos e empresários do Maranhão para Brasília. Por meio de sua assessoria, a senadora disse que nenhum dos integrantes da lista de supostos beneficiados com as passagens viajou às custas do Senado.

No lado oposto, veio à tona a informação que Viana cedeu o aparelho celular pago pelo Senado para sua filha usar em viagem de férias ao México.

No dia 10 de junho, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou um levantamento de técnicos do Senado mostrando que atos administrativos secretos --entre eles o do neto do presidente do Senado, José Sarney-- foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários.

Os atos secretos teriam sido assinados na gestão de Agaciel Maia

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Camara dos Deputados: Audiência com o Ministro Carlos Minc, sobre a discriminalização da maconha

terça-feira, 16 de junho de 2009

Deputada quer convocar FHC para falar sobre descriminalização da maconha

MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília

Em meio às discussões sobre a participação do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) na "marcha da maconha", a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC) cobrou a convocação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para explicar à Comissão de Segurança Pública da Câmara suas declarações sobre a descriminalização da maconha.

Segundo a deputada, o convite se justifica porque o ex-presidente tem feito uma defesa mundial da descriminalização dessa droga. "Por que o ministro Minc tem que vir se explicar e o ex-presidente que faz uma defesa mundial da descriminalização fazendo palestras sobre o tema em vários países não?" questionou a deputada.

Perpétua Almeida não disse se pretende oficializar a convocação de Fernando Henrique. O deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), autor do pedido que originou o convite do ministro, desconversou sobre a provocação da colega e disse que o importante era ouvir o ministro porque representa a posição do governo. No entendimento do deputado, Minc fez apologia ao uso da maconha.

Em seminário no início deste ano, FHC disse que descriminalizar não significa "tolerância" ao consumo da droga no país, uma vez que é necessário "quebrar o tabu que bloqueia o debate".

Ao participar hoje da reunião da comissão, Minc negou que fez apologia ao uso e sustentou que defende apenas uma mudança na legislação brasileira para garantir uma forma "humana" de tratar o usuário. O ministro disse ainda posição sobre a descriminalização é compartilhada por outras autoridades brasileiras.

"A minha posição é semelhante a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com a posição do governador Sérgio Cabral [Rio de Janeiro] e de oito ministros de Estado que acham que a questão de droga deve ser tratada com uma questão de informação, prevenção e saúde pública. E não achar que o consumidor, o usuário, é um criminoso."

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pesquisa mostra que Serra lidera disputa para 2010 com 38%; Dilma tem 18%

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta terça-feira mostra que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera a disputa à sucessão presidencial. A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), provável candidata petista, aparece em segundo lugar.

Serra tem 38% de intenções de voto, enquanto Dilma aparece com 18%. Ciro Gomes (PSB) apresenta 12%, e Heloísa Helena (PSOL), 7%. Brancos e nulos somam 13% e outros 12% não souberam responder.

Quando a opção do PSDB é o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), Dilma e Ciro apresentam empate técnico. Ciro tem 22% e Dilma, 21%. Aécio aparece com 12% e Heloísa, com 11%. Brancos e nulos somam 18% e outros 12% não responderam.

Segundo a pesquisa, a rejeição da petista é maior do que a de Serra: 34% dizem que não votariam em Dilma, contra 25% que afirmam o mesmo em relação a Serra. Aécio tem 35% de rejeição e Ciro, 32%. Heloísa aparece com 40% de rejeição.

A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de maio e 1º de junho, com 2.002 eleitores, em 140 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Datafolha

Pesquisa Datafolha divulgada no final de maio mostrou Serra com 38% das intenções de voto contra 16% de Dilma.

A distância entre Serra e Dilma diminuiu de 30 para 22 pontos entre o mais recente levantamento de maio e o anterior, de março.

A diminuição da intenção de voto entre Serra e Dilma foi verificada também na pesquisa CNT/Sensus, divulgada no dia 1º de junho, onde eles apareceram tecnicamente empatados com 5,7% e 5,4% das intenções de voto na pesquisa espontânea (em que os eleitores falam espontaneamente os nomes do candidatos).

Já quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados, Serra vence Dilma. Por esse mecanismo, Serra ganharia com 40,4% das intenções de voto contra 23,5% de Dilma. Em março, Serra tinha 45,7% e Dilma 16,3%.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

CCJ do Senado aprova veto a candidato com ficha suja

Agência Senado

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira (3), proposta que condiciona o registro de candidatura a cargo eletivo à comprovação de idoneidade moral e reputação ilibada.

De autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o PLS 688/07 recebeu decisão terminativa, o que garante a possibilidade de que vá de imediato para exame na Câmara dos Deputados se não houver recurso para que passe também pelo crivo do Plenário.

A matéria foi apreciada em dia de votações rápidas, depois de longa audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, e o procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, para instruir projeto que trata da repressão ao crime organizado.

Ao fim da reunião, o relator, senador Demosténes Torres (DEM-GO), que também preside a CCJ, observou que o texto submete os candidatos a postos eletivos às mesmas exigências feitas aos cidadãos que prestam concurso para cargos públicos.

Quem quiser ser candidato, terá que ter moral e reputação ilibada - observou.
Indagado sobre as razões de o projeto ter passado com facilidade, sem manifestações contrárias, ele disse que "os senadores nem se aperceberam" da aprovação.

Situação muito diferente, como lembrou, do que ocorreu com a votação, no ano passado, na mesma comissão, de projeto que também altera a chamada Lei de Inegibilidades - a Lei Complementar 64/90.

O texto, ainda sem votação em Plenário, impede o registro de candidatos condenados, em qualquer instância, pela prática de crimes hediondos (como tortura e racismo) ou dolosos, contra a administração pública ou o sistema financeiro, bem como por improbidade administrativa.

O projeto aprovado agora é ainda pior [mais rígido], pois não precisa nem haver condenação. É o juiz eleitoral que vai decidir se o candidato atende aos requisitos de idoneidade na hora de conceder o registro - observou Demosténes, autor de parecer pela aprovação da matéria.

Abusos de recursos - Na justificação do projeto, Simon afirma que a Lei das Inelegibilidades limitou-se a declarar inelegíveis os condenados definitivamente por determinados crimes, sem prever filtros para impedir aqueles sem idoneidade moral e reputação ilibada.

Assim, avalia, a lei viabiliza a candidatura de pessoas que, por meio de recursos legais, procuram adiar indefinidamente o julgamento das ações judiciais que possam levar a eventuais condenações criminais.

Para o senador, isso estimula o "aumento da corrupção e da irresponsabilidade nos Poderes Legislativo e Executivo."

Caso seu projeto seja convertido em lei, acredita Simon, o cidadão ganhará a oportunidade de escolher candidatos entre aqueles com conduta moral compatível com as responsabilidades do cargo disputado. O senador lembra que significativa parcela da população, além de carente de direitos constitucionais fundamentais, não dispõe de meios de acesso às informações relativas à vida passada dos candidatos.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bancada ruralista: 208 deputados e 35 senadores, outros são financiados pelo empresários, inclusive da saúde "privada" e, quem representa o povo?

Ruralistas pedem saída de Minc do Ministério do Meio Ambiente

Piero Locatelli
Do UOL Notícias
Em Brasília
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e da Pecuária do Brasil) formalizou dois pedidos pela saída do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) do cargo. No último dia 27, o ministro chamou os integrantes da bancada ruralista de "vigaristas" e disse que "os ruralistas encolheram o rabinho de capeta e agora fingem defender a agricultura familiar".

Leia também

* Inpe registra 197 km² de desmatamento na Amazônia em três meses

"Eu não sou a patroa dele. Se fosse, você ia ver o que eu ia fazer," disse a senadora Katia Abreu (DEM-TO), presidente da CNA, insinuando que o demitiria. Para ela, é "inadmissível" o ministro continuar no cargo após suas recentes declarações e a sua postura "sem isenção" a frente da pasta.

A entidade fez nesta terça (2) uma denúncia contra o ministro no Ministério Público Federal e uma representação contra ele na Comissão de Ética Pública. Se uma das duas forem aceitas, o ministro pode perder o seu cargo após julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).

A representação mostra que o ministro teria atentado contra "a dignidade e a honra" dos ruralistas.

Atualmente, há 76 deputados e 16 senadores com uma quantidade relevante de terras rurais, de acordo com levantamento da Transparência Brasil.

O número é maior quando é levada em conta toda a Frente Parlamentar da Agropecuária, composto por deputados e senadores ligados a questões do médio e grande produtor mas que não possuem terras necessariamente.

Ela é composta hoje por 208 deputados federais e 35 senadores.

Na representação, também é citada a atuação de Minc diante da aprovação do Código Ambiental de Santa Catarina. A legislação estadual diminui a faixa de mata ciliar protegida de 30 metros, presente na legislação federal, para 5 metros no Estado. O ministro pediu para que sejam tratados como criminosos aqueles que não cumprirem a legislação federal.
UOL Celular

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Malgrado a sanha privatizante de FH (papa do liberalismo), investimentos do que restou das estatais federais afastam do abismo a economia do país

O Estado de S. Paulo


Estatais investiram R$ 5,8 bi a mais até abril

Empresas estatais federais investiram R$ 19,1 bilhões até abril, R$ 5,8 bilhões a mais do que igual período de 2008.

Apesar dos esforços da área econômica do governo para conter os efeitos da crise, a taxa de investimentos apresentará queda, interrompendo trajetória de alta que chegou a 19% do Produto Interno Bruto no ano passado, um recorde histórico.

A retração ocorrerá porque o setor privado desacelerou projetos de expansão. (págs. 1 e B4)



Estados Unidos da América (EUA) "compram" a General Motors, um dos principais simbolos do capaitalismo americano

O Estado de S. Paulo

Manchete: GM pede concordata hoje e se submete a controle estatal
Governo americano injetará mais US$ 30 bi e ficará com 72,5% da 'nova GM'

A montadora General Motors, um dos principais símbolos do capitalismo americano, entrará hoje com pedido de concordata. No fim de semana, um grupo de credores aceitou trocar parte das dívidas por maior participação acionária na companhia reestruturada. O presidente Barack Obama fará pronunciamento para anunciar a concordata, a maior de uma indústria na história. Será nomeado um "presidente de reestruturação". A montadora, que deve US$ 176,4 bilhões e cuja fatia no mercado americano caiu de 48% em 1980 para 22% em 2008, deverá obter US$ 30 bilhões do Tesouro dos EUA, além de US$ 12 bilhões do Canadá. Na nova GM, o governo americano teria, inicialmente, 72,5% das ações. (págs. 1, B1 e B3)

Empresa vai vender marcas

A montadora General Motors pretende emergir da concordata no dia 1° de agosto. Até lá, a empresa espera ter se livrado da maioria das dívidas, de suas marcas fracas como Hummer, Saturn, Pontiac e Saab, e de milhares de concessionárias. (págs. 1 e B3)