domingo, 31 de março de 2013



Atrás da cortina
          O governo Dilma não está se mexendo ostensivamente nem vai colocar a mão na massa, mas tem interesse na reforma politica. Os petistas têm dois objetivos básicos: deixar sem tempo de TV partidos a serem criados (como o Rede) e abrir uma janela para a troca de partidos. O objetivo: criar obstáculos para a candidatura de Marina Silva e criar condições para minguar a oposição.

Com o JN na cabeça
A candidata do partido Rede, Marina Silva, precisa que a criação de seu partido esteja aprovada pelo TSE até 20 de setembro para que ele tenha pouco mais dez dias para filiar futuros candidatos em todo país. Seus dirigentes avaliam que sua única possibilidade de aliança é com o PPS. A despeito disso não teme o pouco de propaganda na TV. Foram 1m23s nas eleições de 2010. O deputado Alfredo Sirkys (RJ) diz que "o fundamental é todos os dias aparecer no Jornal Nacional" (TV Globo). E explica: "os eleitores prestam mais atenção no noticiário que no horário eleitoral".

"O meu futuro político depende do saldo que eu tiver depois de realizar as Olimpíadas de 2016"
Eduardo Paes
Prefeito do Rio de Janeiro


Tinha uma pedra

O secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, conta que seu partido foi formado em quatro meses, por isso avalia que Marina Silva tem condições de viabilizar seu partido, o Rede. Mas alerta: é preciso colocar a mão na massa. E explica: "Nós, enfrentamos brutal oposição. Tivemos que recolher mais de 800 mil assinaturas para que fossem validadas 550 mil". Ele não crê que o Rede enfrentará tantas barreiras.

Mudança de guarda
Os novos líderes do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), querem colocar os seus no governo Dilma. Um dos alvos de cobiça é a INFRAERO.

Marinho é o ponto de convergência
A candidatura de Luiz Marinho ao governo de São Paulo ganha musculatura no PT. O prefeito de São Bernardo do Campo continua dizendo publicamente que não quer ser o adversário do governador Geraldo Alckmin (SP). Mas a cúpula do PT paulista está se curvando ao ex-presidente Lula e por lá  são muitos os que dizem que é a "melhor alternativa" e "o candidato mais viável".

O drama

Pesquisas encomendadas pelo DEM constatam que a presidente Dilma não tem o carisma do ex-presidente Lula nem a mesma rejeição ou oposição. Dilma tem mais intenções de voto nas elites e entre os ricos do que Lula teve.

A oposição
Os aliados do candidato tucano ao Planalto, senador Aécio Neves (MG), querem que ele organize logo os palanques de seus aliados nos estados. Alegam que ele precisa cacifá-los para ter quem ajude a puxar votos. Justificam: um candidato a governador que hoje tem 15%, sem apoio, cai para 8%.

O que vai pelo mundo
É conhecida a rixa entre o COI e a FIFA e a rivalidade entre os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas. O Brasil não podia ficar de fora desta disputa de vaidades. No COB corre solto que "A Copa do Mundo é o evento teste das Olimpíadas".
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) está tirando o time de campo. Ele não pretende disputar o governo do Maranhão. Alega que é hora de renovar.

terça-feira, 19 de março de 2013

Na terra do sol

eliane cantanhêde

 19/03/2013 - 03h30

BRASÍLIA - O que todo mundo vê é que Eduardo Campos preocupa Dilma e Lula, mas o que poucos admitem é que ele incomoda Aécio muito mais. Ao mesmo tempo em que estanca a aproximação do PSD com o governo e deixa as fichas de vários partidos governistas no ar, joga com velhos parceiros dos tucanos.
Se FHC e os tucanos se declaram aecistas roxos, até Aloysio Nunes Ferreira, o mesmo não se pode dizer de aliados que têm mais afinidade com José Serra do que com o PSDB. Campos sabe quem são, onde estão.
Além do próprio Kassab, Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, Roberto Freire, estrategista do PPS, e Jorge Bornhausen, fundador do PFL, articulador do DEM e agora mentor do PSD, são exemplos reluzentes de quem trabalhou por Serra e não se entusiasma com Aécio. Não os únicos.
Também no meio acadêmico e empresarial proliferam elogios ao governador de Pernambuco, que herdou um Estado saneado por Jarbas, azeitou a máquina e saiu em campo na política, sondando, cativando.
Ele não faz outra coisa senão buscar "grandes eleitores" que têm resistência ao PT e a Dilma, mas não se sentem ou seguros ou confortáveis com Aécio. Em 2002, 2006 e 2010, os petistas Lula e Dilma tiveram em torno de 43% dos votos totais no primeiro turno. Havia, ou há, 57% voando.
Campos, porém, deve ser realista. O PSDB é a principal referência de oposição ao PT, Minas tem enorme densidade política e eleitoral e Aécio, à moda mineira, ainda não entrou ostensivamente em campo. Sua prioridade, depois de reunir grandes economistas, é garantir a unidade do PSDB e impedir a revoada dos aliados.
Para isso, Aécio tem que investir tudo no apoio formal --e real-- de José Serra. Ou seja, trabalhar para que Serra dê a ele o que ele não deu a Serra em 2002 e 2010.
PS - Enquanto a oposição se aquece, Dilma fortalece o PMDB e busca uma boa relação --e uma boa foto-- com o papa Francisco. Posa com Deus e "faz o diabo" na terra do sol.

Eliane Cantanhêde Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

terça-feira, 12 de março de 2013


Cruzada feminista
          Os governadores serão chamados a se somar à cruzada que o governo Dilma vai iniciar para reprimir a violência contra a mulher. Amanhã, quando a presidente lançar o programa “Mulher Sem Violência”, eles serão chamados a assinar um pacto contra a violência, que implica no rigor na aplicação da Lei Maria da Penha e na repressão à exploração sexual e ao tráfico de mulheres.

Governo do Rio, pesquisa do PT
Lindbergh Farias (PT) tem 28%, Anthony Garotinho (PR), 21%; o vice Luiz Fernando Pezão (PMDB), 10%; e “um intelectual tucano”, 5%. O Instituto Vox Populi fez mil entrevistas (campo) nos dias 5 e 6 de março. Há cenários com Cesar Maia (DEM), 10%; e Marcelo Crivella (PRB), 12%. Nesse caso, os três da ponta caem. A despeito do desempenho de Pezão, o governador Sérgio Cabral tem 45% de ótimo/bom e 36% de regular. O cientista político Marcos Coimbra conclui: “O PT tem candidatura viável no Rio”; “caso seja mantido o bloco PMDB-PT, o petista tem três vezes o tamanho do outro”; e, “o eleitorado do Rio está fracionado”. A sorte está lançada!
O crescimento industrial de 2,5% em janeiro foi significativo. Os empresários não reagem apenas à questão interna. Estamos num contexto internacional

Gleisi Hoffmann
Ministra-chefe da Casa Civil

Jogo pesado
O governo Dilma coloca como condição de retorno à OEA a eleição de Paulo Vannuchi à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil retirou seu embaixador e não paga há dois anos sua anuidade, que é a maior depois dos Estados Unidos. Se isso não acontecer, o governo brasileiro entenderá que a OEA não quer o Brasil de volta à organização.

Perdas e ganhos
A decisão do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) de apoiar a candidatura Eduardo Campos (PE) é um revés para o PT. Mas também para o PSDB, que perde o apoio da maior liderança popular de oposição em Pernambuco.

Os ‘sonháticos’ atacamE-mails dos “sonháticos” encheram as caixas de entrada dos servidores dos ministérios, ontem. No e-mail, convite para se filiar ao partido da ex-ministra Maria Silva. Na página do Facebook diz: “Entre em Sonháticos, movimento por nova política. Uma ferramenta de comunicação para organizar, compartilhar e produzir informações sobre a construção de uma Nova Política.”
Mais dinheiro para investir
Governadores vão amanhã aos presidentes da Câmara e do Senado. Vão pedir para que seja votado projeto de resolução, do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que amplia a capacidade de endividamento anual de 16% para 30%.
Limpando o terreno
Se depender do PDT, está tudo certo para Manoel Dias assumir o Ministério do Trabalho. Ele era funcionário da liderança do PDT na Câmara dos Deputados, mas já foi exonerado para não haver nenhum impedimento ou conflito de interesses.
A guerra dos royalties (parte 2)
Na bancada federal do Rio, há deputados que apoiam o governador Sérgio Cabral, e também de oposição, que defendem que é preciso abandonar a postura de confronto no STF. Eles dizem que é preciso negociar em busca de uma modulação.
O ministro Aldo Rebelo (Esporte) parou de fumar. Para suportar a abstinência, ele passa seus dias mascando goma de mascar de nicotina.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Lula diz ao PT o que Sérgio Cabral quer ouvir: ‘tem hora que nós temos que apoiar os outros’ ( Josias de Souza)

Lula diz ao PT o que Sérgio Cabral quer ouvir: ‘tem hora que nós temos que apoiar os outros’ ( Josias de Souza)



No Rio, Lula visita Maracanã com Cabral e Pezão. Em Fortaleza, diz: ‘Tem hora que temos que apoiar’

Lula fez na noite passada uma declaração que soou como encomenda do governador do Rio, Sérgio Cabral. “O PT pode até ganhar uma eleição sozinho, mas precisa ter aliados para governar”, disse o morubixaba petista. “É preciso que o PT aprenda que numa eleição tem hora que a gente precisa de aliado para nos apoiar e tem hora que, humildemente, nós temos que apoiar os outros.”



Os comentários foram feitos em Fortaleza, nesta quinta-feira (28), durante um seminário festivo do PT. Lula vinha do Rio. Na noite anterior, jantara com Cabral e outros dois personagens: o vice-goverandor Luiz Fernando Pezão e o prefeito carioca Eduardo Paes.



Durante o repasto, Lula ouvira críticas ao PT do Rio, que decidiu se contrapor aos planos de Cabral. O governador tentará fazer do vice Pezão o seu sucessor em 2014. O petismo lança outro nome, o do senador Lindbergh Farias. E o PMDB ameaça negar palanque a Dilma Rousseff no Rio.



Foi contra esse pano de fundo conflagrado que Lula falou de humildade. Antes de embarcar para Fortaleza, visitara as obras de reforma do estádio do Maracanã. Estava acompanhado do governador e do vice. “Lula, Cabral e Pezão no Maraca”, anotou a imprensa oficial no título de notícia veiculada no portal do governo do Rio.



Simultaneamente, o presidente do PMDB estadual, Jorge Picciani, distribuía entrevistas nas quais dedicava ao petista Lindbergh adjetivos pouco lisonjeiros. Os mais brandos foram “moleque” e “carreirista”. E Lula, em Fortaleza: “Política de aliança tem duas vias, não é uma via só, que só quer receber. Eu acho que nós já aprendemos. Temos que preparar 2014.”



Lula não fez menção explícita à encrenca do Rio. Ao lado dele, na mesa de autoridades do seminário do PT, estava o presidente do PT federal, Rui Falcão. O mesmo Falcão que, na véspera, dissera que a candidatura de Lindbergh ao governo do Rio “é pra valer