segunda-feira, 13 de agosto de 2012

STF ouve defesa de políticos acusados de receber propina (Postado por Lucas Pinheiro)

No oitavo dia do julgamento do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros ouvem nesta segunda-feira (13) as sustentações orais dos advogados de quatro ex-parlamentares acusados de receber propina em troca de apoio ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.

O Supremo, que já ouviu a defesa de 25 dos 38 réus do processo, terá a apresentação dos argumentos de mais cinco advogados. Falarão os defensores do ex-deputado Bispo Rodrigues (ex-PL, atual PR-RJ); do ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ); do ex-deputado Romeu Queiroz – atualmente no PSB-MG, mas que era do PTB –; e do ex-deputado José Borba (PMDB-PR), que se elegeu prefeito no interior do Paraná em 2008. O quinto réu que apresentará argumentação será Emerson Palmieri, que foi primeiro secretário do PTB.

Será a sexta sessão consecutiva para as sustentações orais dos advogados de defesa. Essa fase deve terminar nesta quarta (15). Depois, será iniciada a fase de votação. O ministro-relator, Joaquim Barbosa, será o primeiro a dar o voto.

Os réus desta segunda
Bispo Rodrigues foi acusado pelo Ministério Público de receber R$ 150 mil do valerioduto para votar a favor do governo no Congresso. Usou para isso, conforme a denúncia, o motorista de outro parlamentar para sacar os recursos na "boca do caixa". Ao Supremo, ele negou a venda de votos e justificou a quantia como empréstimo para saldar dívidas de campanha em 2002. Renunciou ao mandato em 2005 para evitar a cassação.

Roberto Jefferson é o delator do esquema do mensalão. Na época era presidente do PTB. Foi acusado pelo MPF de receber R$ 4,54 milhões do valerioduto para votar a favor do governo no Congresso como parte de um acordo de R$ 20 milhões entre o PT e seu partido. Foi cassado pela Câmara em 2005. Apesar de ter denunciado o esquema, disse desconhecer a origem ilícita do dinheiro. Afirmou ter recebido dinheiro por conta de acordo com o PT referente às eleições municipais.

Emerson Palmieri era primeiro-secretário do PTB e, segundo a denúncia, tesoureiro informal do partido. Teria ajudado a intermediar a propina em favor do PTB. A Procuradoria afirmou que ele participou das reuniões em que o PT prometeu repassar R$ 20 milhões do valerioduto para o PTB. Disse que não foi tesoureiro do partido, mas sim um primeiro-secretário que cuidava da administração. Ele sustentou jamais ter participado de esquema de compra de votos.

Romeu Queiroz, segundo a Procuradoria, recebeu R$ 102 mil para o seu nome na campanha de 2004. Atribuiu ao ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto a responsabilidade pelo repasse de cerca de R$ 350 mil do PT para o PTB. Admitiu o recebimento dos R$ 102 mil de um cliente das agências de Valério, mas afirmou que o dinheiro foi utilizado para campanhas municipais de interesse do PTB. Negou ter participado de esquema de compra de votos.

Atual prefeito de Jandaia do Sul (PR), José Borba foi acusado pela Procuradoria de receber R$ 200 mil para votar a favor do governo no Congresso. Destacou que não há comprovação de que recebeu recursos do grupo de Marcos Valério e disse que votava a favor do governo do PT por convicção.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Supremo ouve hoje defesas de réus ligados ao PL (Postado por Lucas Pinheiro)

O Supremo Tribunal Federal (STF) faz nesta sexta-feira (10) a sétima sessão do julgamento do processo do mensalão, quinta consecutiva para ouvir a defesa dos réus. Mais cinco advogados falarão aos ministros, entre eles três de acusados ligados ao antigo PL, atual PR, que, segundo a Procuradoria Geral da República, recebeu propina em troca do apoio ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso.

Serão ouvidos ainda os advogados de Breno Fischberg, da corretora Bônus-Banval, e Carlos Alberto Quaglia, da corretora Natimar, ambos acusados de usarem as empresas para a lavagem do dinheiro que financiou o esquema. Os réus negaram conhecimento sobre a origem ilícita do dinheiro.

Depois, será a vez da sustentação oral da defesa do deputado federal Valdemar Costa Neto e do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. Também deve ser ouvido o advogado de Antônio Lamas, irmão de Jacinto, que teria sacado R$ 350 mil.

Segundo a denúncia, Valdemar recebeu R$ 8,8 milhões do valerioduto para votar a favor do governo. Ele confirmou ter recebido dinheiro do PT, mas afirmou que seria para cobrir gastos de campanha.

Jacinto teria sacado no Banco Rural R$ 1 milhão do valerioduto para o partido. O procurador-geral pediu absolvição de Antônio Lamas devido à falta de provas.

O julgamento
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação penal feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem. Na sexta-feira (3), Gurgel pediu a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso.

Nesta segunda (6), os advogados de Dirceu e José Genoino negaram a existência do mensalão. A defesa de Delúbio Soares e Marcos Valério, no entanto, confirmou a existência de caixa dois - uso de recursos não declarados - após a campanha presidencial de 2002.

Os advogados de quatro réus do processo do mensalão ligados a Marcos Valério afirmaram na terça (7) que seus clientes desconheciam a prática de atividades ilícitas e negaram ter conhecimento sobre o suposto esquema. Além dos quatro ligados a Valério, falou ainda o ex-ministro José Carlos Dias, advogado da ex-presidente e atual acionista do Banco Rural Kátia Rabello. Dias negou que o banco fizesse empréstimos fictícios ao grupo de Valério.

Advogados de três ex-dirigentes do Banco Rural afirmaram, nesta quarta-feira (8), que seus clientes não tiveram participação nas irregularidades apontadas pela denúncia. A defesa de João Paulo Cunha (PT-SP) confirmou que o parlamentar recebeu dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, mas negou desvio de recursos públicos. A defesa de Luiz Gushiken disse que seu cliente é inocente e que não há provas de sua participação no esquema do mensalão.

Nesta quinta (9), os advogados criticaram a denúncia do Ministério Público Federal contra seus clientes e negaram a existência do esquema do mensalão. Os advogados dos políticos do Partido Progressista (PP) confirmaram o recebimento de dinheiro para custear gastos da campanha eleitoral. Defensores dos réus da cúpula do PT afirmaram, no início da semana, que o partido deu aos aliados dinheiro não declarado, do chamado caixa dois.

O Supremo Tribunal Federal já ouviu 20 advogados dos 38 réus do processo. A previsão é de que as sessões para as sustentações orais da defesa dos acusados terminem na próxima quarta-feira (15).

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

STF ouve nesta quinta advogados de ex-diretor do BB e de políticos do PP (Postado por Lucas Pinheiro)

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirão nesta quinta-feira (9) os advogados de mais cinco réus do processo do mensalão.

Falarão os defensores do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato; do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE); do deputado federal Pedro Henry (PP-MT); do ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genú; e de Enivaldo Quadrado, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de lavar o dinheiro de empréstimos fictícios e de dinheiro público desviado.

Cada advogado terá uma hora para a defesa de seu cliente. A sessão desta quinta será a sexta do julgamento do processo, a quarta consecutiva para as as sustentações orais dos defensores.

Advogados de 15 réus já apresentaram seus argumentos. Ainda falta a defesa de 23 acusados do esquema que, segundo a Procuradoria, consistiu na compra de votos no Congresso Nacional em benefício do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ex-diretor do BB
De acordo com a Procuradoria, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil recebeu R$ 336 mil do valerioduto, além de autorizar antecipação do recebimento de R$ 73,85 milhões do fundo Visanet para a DNA, a agência de Valério que tinha contrato de publicidade com o banco, sem a comprovação de que os serviços foram prestados.

A defesa negou o recebimento de dinheiro. Disse apenas que Pizzolato recebeu um envelope lacrado com documentos que seriam encaminhados ao PT.

Ligados ao PP
No sexto dia de julgamento, também sobem à tribuna os advogados de dois políticos do Partido Progressista (PP). Presidente do partido à época em que teria ocorrido o mensalão, Pedro Corrêa (PE) foi acusado pela Procuradoria de participar das negociações que teriam destinado R$ 2,9 milhões do valerioduto para os cofres do PP. Corrêa foi um dos três deputados cassados pela Câmara por conta do escândalo.

Segundo a denúncia, Corrêa teria utilizado um assessor do ex-deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, para sacar dinheiro no Banco Rural. Em suas alegações finais, o ex-dirigente progressista alegou que o PP já integrava a base do governo Lula e que a suposta compra de votos não fazia sentido.

Outro integrante do PP que tentará convencer os onze ministros do STF de que é inocente das acusações de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro é o deputado Pedro Henry (MT).

Na visão do procurador-geral da República, Henry teria participado de negociações que resultaram no repasse de dinheiro da corretora Bônus Banval, que supostamente lavava o dinheiro do esquema, para os cofres do PP. O parlamentar era líder do partido na Câmara entre 2003 e 2004, quando os desvios teriam acontecido

Os defensores de Henry argumentam que ele não recebeu dinheiro do mensalão, nem sequer participou de reuniões sobre o assunto.

A denúncia também acusa o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genú de ter sacado em espécie R$ 1,1 milhão do valerioduto para repassá-lo para o PP. Na época, ele era assessor de Janene. Sua defesa deve afirmar que ele apenas seguiu ordens de José Janene, seu superior, e que ele não sabia que estava cometendo algum tipo de crime.

Lavagem de dinheiro
Enivaldo Quadrado, sócio na corretora Bônus Banval, é acusado de repassar milhares de reais do valerioduto para os políticos do PP e usar a empresa para lavagem de dinheiro. Em dezembro de 2008, ele foi preso no Aeroporto de Cumbica por estar com 361 mil euros na cueca, fato que é objeto de processo em Guarulhos.

Seus advogados afirmaram, nas alegações finais entregues ao Supremo, que os saques foram feitos a pedido de Valério e que desconhecia a origem ilícita dos recursos. Quadrado é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

O julgamento
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação penal feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem. Na sexta-feira (3), Gurgel pediu a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso.

Nesta segunda (6), os advogados de Dirceu e José Genoino negaram a existência do mensalão. A defesa de Delúbio Soares e Marcos Valério, no entanto, confirmou a existência de caixa dois - uso de recursos não declarados - após a campanha presidencial de 2002.

Os advogados de quatro réus do processo do mensalão ligados a Marcos Valério afirmaram na terça (7) que seus clientes desconheciam a prática de atividades ilícitas e negaram ter conhecimento sobre o suposto esquema. Além dos quatro ligados a Valério, falou ainda o ex-ministro José Carlos Dias, advogado da ex-presidente e atual acionista do Banco Rural Kátia Rabello. Dias negou que o banco fizesse empréstimos fictícios ao grupo de Valério.

Advogados de três ex-dirigentes do Banco Rural afirmaram, nesta quarta-feira (8), que seus clientes não tiveram participação nas irregularidades apontadas pela denúncia. A defesa de João Paulo Cunha (PT-SP) confirmou que o parlamentar recebeu dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, mas negou desvio de recursos públicos. A defesa de Luiz Gushiken disse que seu cliente é inocente e que não há provas de sua participação no esquema do mensalão.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

STF ouve advogados de deputado e de réus ligados ao Banco Rural (Postado por Lucas Pinheiro)

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirá nesta quarta-feira (8) a defesa de três réus do processo do mensalão ligados ao Banco Rural, do deputado federal João Paulo Cunha e do ex-ministro Luiz Gushiken. A quinta sessão do julgamento – terceira consecutiva para ouvir a defesa dos réus – começa às 14h desta quarta.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a condenação de 36 dos 38 acusados pelo suposto esquema de compra de votos no Congresso Nacional. Para Gurgel, Gushiken deve ser absolvido.

O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos fará a defesa de José Roberto Salgado, que foi vice-presidente do Banco Rural. Salgado foi apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pelo financiamento do esquema do mensalão em troca de vantagens. Nas alegações entregues ao Supremo, a defesa negou as acusações.


Vinícius Samarane, diretor do Banco Rural na época das denúncias, foi acusado pela Procuradoria de omitir do sistema de informações do Banco Central os saques do valerioduto e supostas irregularidades nas transações. Ele justificou não ter participado das transações e, portanto, não teria como aprová-las. Afirmou também ser comum o saque de dinheiro no ramo publicitário para pagar fornecedores.

Ayanna Tenório teria autorizado, segundo a Procuradoria, renovação de empréstimos do grupo de Marcos Valério no Banco Rural. Também não notificou, conforme a denúncia, o Banco Central sobre as operações suspeitas feitas pelas agências de publicidade. Disse que seguiu orientação de José Roberto Salgado para renovação de empréstimos. Segundo a denúncia, recursos captados nos empréstimos serviam para ocultar desvios de dinheiro público que abasteciam o pagamento de parlamentares no Congresso, em troca de apoio ao governo.

O deputado federal João Paulo Cunha, que na época era o presidente da Câmara dos Deputados, recebeu R$ 50 mil do valerioduto, supostamente para beneficiar a agência de publicidade SMP&B, de Marcos Valério. Ao STF, ele negou irregularidades e argumentou que o dinheiro – sacado pela mulher dele – foi repassado por Delúbio Soares e utilizado para pagar uma pesquisa eleitoral.

Na denúncia, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken foi acusado de orquestrar com Henrique Pizzolato, diretor de marketing do Banco do Brasil, o desvio de R$ 73,85 milhões do fundo Visanet, composto com recursos do banco estatal, para a DNA, a agência de Valério. Gushiken negou participação. O procurador diz que há "insuficiência de provas" sobre a participação de Gushiken no esquema.

O julgamento
O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação penal feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem.

Na sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso.

Nesta segunda (6), os advogados de Dirceu e José Genoino negaram a existência do mensalão. A defesa de Delúbio Soares e Marcos Valério, no entanto, confirmou a existência de caixa dois - uso de recursos não declarados - após a campanha presidencial de 2002.

Os advogados de quatro réus do processo do mensalão ligados a Marcos Valério afirmaram nesta terça (7) que seus clientes desconheciam a prática de atividades ilícitas e negaram ter conhecimento sobre o suposto esquema de compra de votos no Congresso Nacional.

Além dos quatro ligados a Valério, falou ainda o ex-ministro José Carlos Dias, advogado da ex-presidente e atual acionista do Banco Rural Kátia Rabello. Dias negou que o banco fizesse empréstimos fictícios ao grupo de Valério.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

STF ouve defesa de ligados a Valério e de ex-dirigente do Banco Rural (Postado por Lucas Pinheiro)

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouvirá nesta terça-feira (7) os advogados de quatro réus ligados a Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, e a defesa de Kátia Rabello, ex-presidente e atual acionista do Banco Rural. O julgamento, que terá sua quarta sessão, será retomado às 14h.

No fila de sustentações orais desta tarde, estão os defensores de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério; Rogério Tolentino, advogado que prestava serviços a Valério; as funcionárias das agências de Valério Simone Vasconcelos e Geiza Dias; além de Kátia Rabello, do Banco Rural.

O advogado José Carlos Dias, que representa Kátia Rabello, afirmou ao G1 que vai usar sua manifestação para comprovar que os empréstimos concedidos pelo banco foram legais e “transparentes”.

“Vou demonstrar a absoluta transparência do banco e também que todos os saques constavam da contabilidade, com apresentação dos documentos de identidade daqueles que receberam dinheiro”, afirmou.

Dias, que foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, disse ainda ter provas de que todos os saques de valores superiores a R$ 100 mil foram informados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

“Vou mostrar que todos os saques acima de R$ 100 mil foram comunicados ao Coaf, ao contrário do que o procurador falou. É absolutamente comprovado isso”, disse.

O defensor afirmou que não irá usar as horas que antecedem o julgamento para revisar ou praticar a sustentação oral. “Só vou pedir o apoio do Espírito Santo”, brincou.

Presidente do Banco Rural na época do mensalão, Kátia Rabello teria autorizado, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), empréstimos para firmas de Marcos Valério e teria acompanhado os negócios do grupo junto ao banco. De acordo com a denúncia, o Banco Rural emprestou o dinheiro ao PT porque tinha interesses no governo federal.

Grupo de Valério
No segundo dia dedicado às defesas dos réus, os ministros da Suprema Corte irão ouvir os advogados de quatro integrantes do "núcleo operacional", que, segundo o procurador-geral da República, era comandado por Marcos Valério.

Sobem à tribuna nesta tarde os defensores de Rogério Tolentino, advogado que foi apontado na denúncia como sócio informal de Valério nas agências de publicidade; Simone Vasconcellos, diretora administrativa da SMP&B suspeita de orientar os parlamentares sobre como e onde receber o dinheiro; Geiza Dias, gerente financeira da SMP&B acusada de ajudar a distribuir recursos do valerioduto; e Cristiano Paz, sócio das agências que, supostamente, agia na obtenção dos empréstimos fraudulentos que alimentavam o esquema do mensalão.

O julgamento
Na segunda (6), advogados de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Ramon Hollerbach negaram a existência do mensalão, suposto esquema de compra de votos no Congresso para beneficiar o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As defesas de Delúbio e Valério admitiram a prática de caixa 2 - uso de recursos não declarados na campanha eleitoral -, depois da disputa presidencial de 2002.

O julgamento do mensalão começou na última quinta-feira (2) com a leitura do resumo da ação feita pelo relator Joaquim Barbosa, que apresentou o nome dos réus e explicou a quais crimes eles respondem.

Na sexta-feira (3), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e apontou o ex-ministro José Dirceu como líder do grupo criminoso. Ele requereu que sejam expedidos mandados de prisão "cabíveis" ao fim do julgamento.

Gurgel disse estar “plenamente convencido” de que as provas produzidas “comprovam a existência do esquema de cooptação de apoio político descrito na denúncia”.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Defesa de Dirceu abre argumentação dos réus do mensalão nesta segunda (Postado por Lucas Pinheiro)

Os advogados dos réus do processo do mensalão começam nesta segunda-feira (6) a apresentar argumentos em defesa de seus clientes. A terceira sessão do maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal (STF) começa às 14h.

Quem abrirá o dia, considerando a ordem prevista pela presidência do Supremo, será o advogado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, primeiro réu na denúncia do Ministério Público Federal.

Até setembro, os ministros do STF decidirão se condenam ou absolvem os 38 acusados de envolvimento em esquema de pagamento de propina em troca de apoio ao governo no Congresso.

Cada defensor terá uma hora para a sustentação oral, que deverá rebater as acusações feitas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

As sustentações orais seguirão a ordem da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR). A expectativa é de que as manifestações dos defensores se estendam por, pelo menos, oito sessões.

Acusações e defesa
Estão agendadas para esta tarde as defesas de José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoíno e do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. O trio é acusado pela PGR de integrar o núcleo político do escândalo de corrupção.

Também devem se manifestar os defensores de Marcos Valério Fernandes de Souza e Ramon Hollerbach, suspeitos de operar o mensalão, ou seja, de obter recursos que financiaram o suposto esquema.

O primeiro a testar a retórica diante dos 11 ministros da Suprema Corte será o advogado José Luís de Oliveira Lima, defensor de José Dirceu. Cassado pela Câmara dos Deputados em 2005 por conta das denúncias, o ex-chefe da Casa Civil é apontado pelo Ministério Público como o "líder da quadrilha".

Na visão do MP, o ex-ministro teria estabelecido, ao lado de correligionários, "um engenhoso esquema de desvio de recursos de órgãos públicos e de empresas estatais".

"O objetivo era negociar apoio político ao governo no Congresso Nacional, pagar dívidas pretéritas, custear gastos de campanha e outras despesas do PT", ressaltou Gurgel em suas alegações finais.

Em entrevista ao G1, o advogado de Dirceu classificou como "ficção" a denúncia do mensalão. Segundo Oliveira Lima, não haveria nenhuma prova, documento ou depoimento que embasasse as alegações do Ministério Público.

Em meios às 162 páginas da defesa final entregue ao STF, Oliveira Lima, que já atuou na defesa dos banqueiros Daniel Dantas e Salvatore Cacciola, alegou que o pedido de condenação contra Dirceu estaria baseado, exclusivamente, no apelo à "exemplaridade". "Pretendendo o encarceramento de um cidadão mesmo diante de provas concretas que atestam a sua inocência", enfatizou.

Na linha de frente da defesa de José Genoíno, o advogado Luiz Fernando Pacheco será o segundo a realizar a sustentação oral no plenário do STF.

Pacheco afirmou em julho ao G1 que seu cliente era apenas responsável pela "articulação política" do PT. De acordo com o defensor, as "questões financeiras" da legenda, à época em que teria ocorrido o mensalão, ficavam a cargo do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. "Nós acreditamos que o mensalão não existiu. O que houve foram acertos entre as coligações partidárias", destacou Pacheco.

Entre as 115 laudas das alegações finais do ex-presidente do PT, os defensores questionaram a competência do Supremo para julgá-lo, na medida em que ele perdeu o foro privilegiado ao deixar de ser deputado federal, em 2011.

O tema foi levantado pelo ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, advogado de um dos 38 réus do mensalão, no primeiro dia de julgamento do caso. No entanto, por nove votos a dois, a Corte concluiu estar apta a analisar os processos ajuizados contra os acusados que não possuem a prerrogativa de foro.

Aos 62 anos, o criminalista Arnaldo Malheiros Filho capitaneia a defesa de Delúbio Soares, classificado pelo procurador-geral como "o principal elo" entre o núcleo político o publicitário-financeiro. A PGR pede a condenação do ex-dirigente petista pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Em contraste com outros colegas, o advogado que já teve como cliente o ex-ministro Antônio Palocci, assegura que não pretende "atacar" o procurador-geral da República. Na última sexta (3), Malheiros Filho disse que a estratégia seria "um tiro no pé".

Responsável pela defesa de Marcos Valério, descrito na denúncia como operador do esquema de corrupção, o mineiro Marcelo Leonardo deve ser o penúltimo defensor do dia a argumentar pela inocência de seu cliente. O sócio das agências de publicidade DNA, Graffiti e SMP&B é acusado de ter cometido cinco crimes: corrupção ativa, evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.

Auxiliado por quatro advogados, Marcelo Leonardo tentará sustentar que o mensalão "não existiu". Nas alegações finais, o defensor argumentou que a Procuradoria teria dado "uma exagerada dimensão" a Marcos Valério.

"A classe política que compunha a base de sustentação do governo Lula (...) deslocou o foco da mídia das investigações dos protagonistas políticos [presidente Lula, seus ministros, dirigentes do PT e partidos da base aliada e deputados federais] para o empresário Marcos Valério, dando-lhe uma dimensão que não tinha e não teve nos fatos objeto desta ação penal", rebateu o defensor no documento disponibilizado aos magistrados.

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o advogado Hermes Vilchez Guerrero deve fechar o primeiro dia de manifestação das defesas. Ele é o defensor de Ramon Hollerbach, sócio de Marcos Valério acusado pelo Ministério Público de ter participado da negociação dos empréstimos fraudulentos e nos desvios de contratos públicos com o Banco do Brasil e a Câmara dos Deputados. De acordo com a denúncia, Hollerbach também teria ordenado pagamentos no exterior para o marqueteiro Duda Mendonça.

Ao longo das 51 páginas de alegações finais, a equipe comandada por Guerrero tentou convencer os ministros do Supremo de que não haveria na denúncia da PGR "nenhum fato concreto" que possa ser imputado e que permita a decretação de uma decisão condenatória. Para Gurgel, o sócio de Marcos Valério teria praticado os crimes de corrupção ativa, evasão de divisas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.

'Maculou gravemente a República'
Após quase cinco horas de argumentação nesta sexta (3), Gurgel afirmou que o caso “maculou gravemente a República”. Ele pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de 36 dos 38 réus do processo e requereu a expedição dos mandados de prisão "cabíveis" assim que o julgamento terminar.

Veja abaixo parte das argumentações da defesa de alguns réus dadas ao G1 em entrevistas publicadas desde o fim de julho - confira aqui acusação e defesa dos 38 réus.

José Dirceu
O advogado José Luís Mendes de Oliveira Lima classifica como "ficção" a denúncia do mensalão. "Essa afirmação nada mais é do que uma uma ficção feita pelo Ministério Público,que em momento algum comprovou as suas afirmações. [...] Não é verdade a afirmação feita pelo Ministério Público da suposta existência do mensalão. Não há nos autos nenhuma prova, nenhum documento, nenhum depoimento neste sentido. O que há nos autos é exatamente o contrário. Todas as testemunhas que foram ouvidas durante a ação penal 470 desmentem categoricamente a afirmação feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson que foi cassado porque mentiu.”

José Genoíno
O advogado Luis Fernando Pacheco afirma que ele só era responsável pela “articulação política” do PT e que “questões financeiras” ficavam somente a cargo do então tesoureiro do partido, Delúbio Soares. “Nós acreditamos que o mensalão não existiu. O que houve foi acertos entre as coligações partidárias. [...] O Genoino, que é uma pessoa muito boa, na minha avaliação pessoal, se tornou uma pessoa mais amargurada. É um homem que não tem uma história de vida pobre, um homem que optou pela luta armada, viveu no Araguaia como camponês, foi preso, torturado. Ele venceu na vida pública, na defesa de seus ideais, e na defesa constante do que ele achava que era melhor para o país. De repente, ele foi tolhido por uma acusação leviana do Roberto Jefferson, que não é uma pessoa de fala coerente, que muda versões conforme o sabor do momento. Ele se tornou uma pessoa mais amargurada e triste por isso.”

Delúbio Soares
O advogado Arnaldo Malheiros Filho afirma que o cliente não aceita assumir responsabilidade pelo que não fez. "A acusação não aponta uma única pessoa que tenha recebido o dinheiro mais de uma vez. Quem criou esse termo foi o Roberto Jefferson [ex-deputado, presidente nacional do PTB e um dos réus no julgamento do mensalão]. Na sua defesa final, escrita, fala que o termo foi retórico e não fato. [...] Desde o seu primeiro depoimento na CPI dos Correios, há sete anos, o Delúbio assume o uso de recursos não contabilizados, repassados para os partidos da base aliada, cumprindo determinação da executiva nacional do PT. Ele assume a responsabilidade por tudo que fez, mas não aceita ser acusado pelo que não fez. Ele acredita que, para demonstrar inocência, não é necessário acusar ninguém, até porque o caráter dele impede que o dedo endureça."

Marcos Valério
O advogado Marcelo Leonardo afirmou que o "fato não existiu". “A denúncia é improcedente, pois o Ministério Público Federal não conseguiu demonstrar as acusações contidas na denúncia. O procurador-geral não conseguiu provar que o Marcos Valério criou o esquema."

domingo, 5 de agosto de 2012

Recife: Jarbas e Eduardo num mesmo palanque (Josias de Souza)


A reaproximação do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) com o governador Eduardo Campos (PSB) ganhou neste sábado um adorno fotográfico. Após duas décadas de desavenças, a dupla exibiu-se em público na inauguração do comitê de campanha de Jarbas Filho, o Jarbinhas.
Filho do senador, Jarbinhas, 21 anos, disputa sua primeira eleição. Vai às urnas da capital pernambucana como candidato a vereador. Benefiário direto da reaproximação dos ex-desafetos, juntou no seu palanque o prestígio de Jarbas à popularidade de Eduardo.
Na foto, o governador ergueu a mão do filho de Jarbas. E o senador levantou o braço de Geraldo Júlio, o candidato de Eduardo à prefeitura de Recife. As estrelas do ato disseram que a reaproximavam-se com os olhos voltados para 2014. Ao romper a aliança local o unia ao PT, Eduardo ofereceu a Jarbas o pretexto para a antecipação do calendário.
Ao discursar, Jarbas declarou que, no plano nacional, mantém as ressalvas ao governo petistas de Dilma Rousseff. Eduardo cuidou de reafirmar os laços que unem o PSB ao Planalto. “Nossa aliança respeita nossas divergências”, resumiu o senador pemedebê. A despeito do comedimento retórico, 2014 é, hoje, uma janela aberta para novos estreitamentos da inimizade.

Após tratamento de câncer, Roberto Jefferson recebe alta no Rio (Postado por Lucas Pinheiro)

Após um tratamento de câncer no pâncreas, o presidente nacional do PTB, o advogado Roberto Jefferson, de 59 anos, recebeu alta médica na manhã deste domingo (5), informou o Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde o político estava internado. Até as 10h40, entretanto, ele não havia deixado o hospital.

No sábado (4), o médico José de Ribamar Saboia de Azevedo afirmou que o paciente encontrava-se em condições clínicas favoráveis para receber alta.

Um boletim  divulgado na quinta-feira (2) afirmava que Jefferson estava lúcido, respirava sem a ajuda de aparelhos e tinha os sinais vitais mantidos. Todas as medicações haviam sido suspensas, inclusive as venosas. O paciente se alimentava por sonda intestinal e via oral.

De acordo com informações do hospital, o oncologista Daniel Tabak dará início ao tratamento do tumor daqui a quatro ou cinco semanas, através de quimioterapia, com medicação que será aplicada de forma intravenosa. A previsão é de que o tratamento dure seis meses.

Roberto Jefferson foi liberado pelos médicos para acompanhar o julgamento do mensalão de dentro do hospital. O cirurgião disse também que o tumor maligno do deputado tem 1,4 centímetros, mas dentro de uma lesão benigna.

De acordo com o cirurgião Alexandre Prado, todos os fatores prognósticos do deputado são favoráveis. "É um tumor menos agressivo e menos usual também. 60% dos pacientes que tem este tipo de câncer e tem acompanhamento medico ficam bem. Essa questão de perspectiva de vida é relativo uma vez que ele esta com um prognostico é bom", explicou.

Segundo os médicos, nos últimos dois anos o presidente do PTB perdeu 20 quilos. Roberto Jefferson, que estava com 104/106kg em 2010, atualmente pesa 82kg. A previsão é que Roberto Jefferson comece o tratamento de quimioterapia venosa cinco dias após a alta médica.

"O tratamento será semanal e acontecerá inicialmente durante os seis primeiros meses", completou Prado.

Cirurgia
No dia 28, Roberto Jefferson foi submetido à cirurgia de gastroduodenopancreatectomia cefálica (retirada de parte do estômago, parte do pâncreas, duodeno e parte do canal biliar). Além disso, os médicos retiraram os lifonodos regionais (gânglios linfáticos). O boletim divulgado após a cirurgia, que durou oito horas, informava que não havia sinais de que o tumor seria maligno. No entanto, os médicos ressaltaram que seria necessário aguardar o resultado definitivo.

Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão no Congresso Nacional, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou ao Hospital Samaritano por volta das 8h do dia 26 de julho. No dia seguinte, o ex-deputado, cassado em 2005, passou por procedimentos pré-operatórios, como cuidados com alimentação e exames clínicos.

Réu no mensalão
Jefferson foi um dos 38 réus do julgamento do mensalão. Na sexta-feira (3), ao fim do julgamento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu a prisão de 36 réus, incluindo o político. Gurgel pediu a absolvição, por falta de provas, de dois acusados: o ex-secretário de Comunicação Luiz Gushiken e Antonio Lamas, ex-tesoureiro do Partido Liberal, uma das cinco formações implicadas no escândalo.

Roberto Jefferson é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por, supostamente, ter recebido R$ 4 milhões do chamado “valerioduto”, que, segundo a denúncia, era operado por Marcos Valério e abastecia parlamentares aliados ao governo.

Em 2005, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, Jefferson relatou o “modus operandi” do mensalão, detonando o maior escândalo político do governo Lula (2003-2010).

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Segundo dia do julgamento do mensalão terá acusação aos réus (Postado por Lucas Pinheiro)

A segunda sessão do julgamento do processo do mensalão, nesta sexta-feira (3), será preenchida pela acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. A leitura da acusação estava prevista para ocorrer nesta quinta (2), mas acabou adiada por causa de uma questão de ordem sobre a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar todos os réus, que consumiu três horas e meia da primeira sessão. A previsão é que a leitura da acusação dure cinco horas.

Em sua exposição, Gurgel pedirá a condenação de 36 dos 38 acusados de integrarem o suposto esquema de pagamento de propina a políticos em troca de apoio ao governo no Congresso Nacional entre 2003 e 2004, início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles respondem pelos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas.

Nas alegações finais entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, o procurador afirmou que não havia provas no processo contra dois réus, o ex-ministro Luiz Gushiken e Antônio Lamas, irmão de outro réu na ação. Quando a ação foi aberta no STF, em 2007, eram 40 réus. Um morreu - José Janene - e outro fez acordo com o Ministério Público - Sílvio Pereira.

No primeiro dia do julgamento do mensalão, na quinta (2), ficou confirmado que todos os 38 réus da ação penal serão julgados pelo Supremo. O tema foi decidido por maioria, 9 votos a 2, após questionamento dos advogados de três réus. A defesa queria que os acusados sem foro privilegiado no STF fossem julgados pela primeira instância da Justiça.

O debate tomou mais de três horas e meia da sessão. Por conta disso, o cronograma inicialmente previsto para o julgamento atrasou. As sustentações orais das defesas de José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério de Souza e Ramon Hollerbach, inicialmente previstas para essa sexta, devem ocorrer agora apenas na próxima segunda-feira (6).

'Deslealdade'
A sessão desta quinta durou cerca de cinco horas. No início dos trabalhos, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, advogado do réu José Roberto Salgado, pediu a separação do processo.

Pela Constituição, têm foro privilegiado parlamentares, ministros, presidente e vice, que só podem ser julgados pelo Supremo. Dos 38 réus do mensalão, somente três têm esse tipo de foro: os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

O questionamento dos advogados levou à primeira discussão do julgamento do mensalão, quando Ricardo Lewandowski, que foi o revisor do processo, votou a favor de desmembrar a ação. O relator Joaquim Barbosa questionou.

"O senhor é revisor. Me causa espécie vê-lo se pronunciar pelo desmembramento quando poderia tê-lo feito há seis ou oito meses", argumentou Barbosa. "Farei valer o meu direito de manifestar-me sempre que seja necessário", rebateu Lewandowski. "É deslealdade", disse Barbosa em tom alto.

Relatório
Após a definição de que todo o processo continuará no Supremo, Joaquim Barbosa passou a ler o que chamou de "síntese da síntese'' de seu relatório. O ministro afirmou que os acusados, como diz a Procuradoria-Geral da República, fazem parte de uma organização criminosa sofisticada, "dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude".

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal relatada por Barbosa, "todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional".

O relatório não traz o posicionamento de Barbosa sobre se os réus devem ou não ser condenados. A decisão dos ministros só será conhecida após o término das sustentações orais dos advogados de defesa, provavelmente no segundo semestre de agosto.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

STF começa a julgar nesta quinta os 38 réus do mensalão (Postado por Lucas Pinheiro)


Às 14h desta quinta-feira (2), ao colocar em pauta a ação penal 470, mais conhecida como o processo do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar o caso considerado de maior relevância em seus 183 anos de história. A previsão é de que a análise avance pelo mês de setembro.

A amplitude do caso, que colocou no banco dos réus políticos, empresários e servidores, se reflete nos números superlativos do processo: 38 acusados, 50.389 páginas, 234 volumes, 500 apensos (documentos que foram juntados à ação ao longo do tempo) e mais de 600 testemunhas.

Cinco anos após aceitar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), a Suprema Corte iniciará o julgamento do mensalão com incertezas em torno do número de magistrados que irá apreciar se condena ou absolve os envolvidos no suposto esquema de compra de votos no Congresso entre 2003 e 2004, início do mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A primeira dúvida é sobre a presença do ministro Antonio Dias Toffoli no julgamento. Por causa da proximidade ou ligação indireta no passado com alguns réus, cogitou-se a possibilidade de que se declarasse impedido. O ministro só deve confirmar se atuará no julgamento na hora da sessão.

Ex-advogado-geral da União durante o governo Lula (2003-2010), o magistrado trabalhava como assessor jurídico da Casa Civil à época em que teria ocorrido o esquema. Toffoli também advogou por muitos anos para o PT e também para o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, um dos réus da ação penal.

Além disso, a atual companheira do ministro, a advogada Roberta Maria Rangel, defendeu outros suspeitos de terem se beneficiado do mensalão, como os deputados petistas Paulo Rocha (PA) e Professor Luizinho (SP).

Na segunda (30), indagado se a atuação de Toffoli na análise das questões de ordem do mensalão sinalizaria que ele vai participar do julgamento, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, afirmou que, "sem dúvida", indicaria que o colega estaria entre os juízes que irão apreciar as denúncias contra os 38 réus.

Se Toffoli avaliar que não há impedimentos para julgar o processo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, poderá pedir a suspeição do ministro tão logo comece a sessão desta quinta. Gurgel afirmou nesta quarta (1), véspera do início do julgamento, que ainda avalia se tomará providências.

Outra dúvida que inquieta a Corte é a presença do ministro Cezar Peluso na segunda fase do julgamento, quando os magistrados irão proferir seus votos. A quatro semanas de completar 70 anos, idade-limite para os ministros do STF se aposentarem, Peluso pode ser obrigado a se afastar do tribunal antes de votar. Segundo a liturgia do tribunal, ele seria o sétimo a se manifestar.

Há, no entanto, a expectativa de que Peluso solicite para antecipar seu voto para depois do revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, o segundo na ordem de votação. A alteração no rito garantiria que ele manifestasse sua posição antes de seu aniversário, em 3 de setembro, quando será aposentado compulsoriamente.

A origem do mensalão
O suposto pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio político no Congresso veio à tona em 2005, em uma entrevista do ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ), ao jornal "Folha de S.Paulo". À época, o dirigente foi envolvido em denúncias de pagamento de propina nos Correios.

Os fatos narrados pelo dirigente petebista foram investigados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e por três CPIs no Congresso. As evidências coletadas atingiram a cúpula de quatro partidos (PT, PP, PL [atual PR] e PTB), derrubaram dois ministros, levaram quatro deputados a renunciar e culminaram na cassação de outros três parlamentares.

Em 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou 40 pessoas por suposta participação no esquema de pagamento de propina. Para o procurador, o mensalão teria se estabelecido sobre três pilares: um núcleo político, um operacional e outro financeiro. Dos denunciados, um morreu - José Janene - e outro (Silvio Pereira) fez acordo com o Ministério Público para o fim do processo.

Dos 38 réus, Roberto Gurgel pediu a condenação de 36 e absolvição de dois - o ex-minsitro Luiz Gushiken e Antônio Lamas, irmão de um dos réus.

Crimes
Os acusados respondem aos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, evasão de divisas, formação de quadrilha, gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro e peculato. A pena mínima é de um ano de prisão para formação de quadrilha e a máxima de 12 anos para peculato, gestão fraudulenta e corrupção ativa e passiva.

Segundo os especialistas, réus que obtiverem penas mínimas nos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa ou passiva, peculato e evasão de divisas, ainda que por todos esses crimes, não terão de cumprir pena. Em todos esses crimes, a pena mínima é de até dois anos e elas prescrevem em até quatro anos. Como a denúncia foi aceita em 2007, a prescrição foi em 2011. Caso os ministros apliquem somente as penas mínimas, só não irão prescrever aquelas dos condenados por gestão fraudulenta de instituição financeira e lavagem de dinheiro.

Juristas descartam ainda a possibilidade de alguém ser preso imediatamente após a sentença dada pelo Supremo. Os réus, mesmo que condenados na instância máxima do poder Judiciário, poderão fazer questionamentos após a publicação do acórdão do julgamento. Isso, porém, não reverterá uma eventual condenação.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Dilma e Lula foram testemunhas no processo do mensalão; veja frases (Postado por Lucas Pinheiro)

Entre as 50 mil folhas que fazem parte da ação penal 470 que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), estão depoimentos de diversas testemunhas no processo, entre elas a atual presidente, Dilma Rousseff - que quando depôs era ministra da Casa Civil -, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual vice, Michel Temer.

Parte dos depoimentos do processo, como o de Temer e de alguns réus, integram memorial entregue pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, aos ministros do STF na semana passada. Eles são citados como “principais provas” do processo do mensalão, que começa a ser julgado no tribunal nesta quinta-feira (2). No memorial, Gurgel diz que o escândalo foi o mais “atrevido” esquema de corrupção no país.

Além dos depoimentos de testemunhas, constam ainda das “principais provas” da ação auditorias, laudos de perícia e os interrogatórios dos réus.

Veja abaixo frases de testemunhas e de réus durante a coleta dos depoimentos no processo.

Dilma Rousseff, presidente
“Eu não tinha ouvido [falar do mensalão]. Tomei conhecimento pelas notícias da imprensa. (...) Não tenho conhecimento de que Dirceu tenha beneficiado instituições financeiras. Acho o ministro José Dirceu um injustiçado. Tenho por ele um grande respeito.”

Lula, ex-presidente, que respondeu por ofício os questionamentos
" Defesa de Professor Luizinho: Vossa Excelência tem conhecimento se o professor Luizinho, em qualquer momento de sua atividade de líder, pediu ou sugeriu alguma vantagem para votar favoravelmente aos projetos do governo?
Lula: Não tenho conhecimento de atitudes dessa natureza e me parece inconcebível imaginar tal hipótese, em vista de sua condição de líder do próprio governo e de seu passado partidário."

Defesa de José Dirceu: Vossa Excelência conhece algum fato que desabone a pessoa de José Dirceu de Oliveira e Silva?
Lula: Desconheço qualquer fato desabonador sobre José Dirceu, que lutou pela democraticação do Brasil, pagando com o exílio, é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um quadro político de grande relevância no cenário nacional.

MPF: Vossa Excelência tomou conhecimento, por meio de Roberto Jefferson Monteiro Francisco, de repasse de dinheiro para integrantes da base aliada do governo federal na Câmara dos Deputados, prática posteriormente denominada mensalão?
Lula: Pelo que me lembro, ao final de reunião no primeiro semestre de 2005, e na presença de Aldo Rebelo, Walfrido dos Mares Guia, Arlindo Chinaglia e José Múcio Monteiro, Roberto Jefferson fez menção ao assunto. Então, solicitei ao Aldo Rebelo e ao Arlindo Chinaglia que verificassem se as afirmações procediam."

Virgílio Guimarães, deputado do PT que, segundo o procurador-geral da República, apresentou Marcos Valério a integrantes do PT
"Ao que me lembro, o Marcos Valério, em 2002, tinha, inclusive, me ajudado na campanha dessa forma que eu falei aqui (publicidade), e ele me falou que tinha muitas contas no Governo Federal e que não conhecia ninguém do PT; não conhecia ninguém, mas, nessa altura, O Lula já claramente despontava como um virtual vencedor do segundo turno, e que ele gostaria de apresentar as agências dele; que ele gostaria de continuar prestando serviço; que ele não sabia se o Lula ia cancelar os contratos em vigor, ou se ia fazer de novo, mas queria mostrar às pessoas do PT e que possivelmente iriam fazer parte do governo que conhecessem o trabalho profissional dele enquanto publicitário. Foi nesse sentido que eu o apresentei."

Delúbio Soares, réu, durante depoimento à Justiça
"Vou explicar sobre os empréstimos que eu pedi ao Marcos Valério, porque eu pedi os empréstimos, não tenho na cabeça porque meu sigilo bancário foi quebrado, telefônico, tudo que podiam investigar, eles investigaram. Então, eu tenho uma vida normal. Continuou, meu patrimônio não aumentou. Então, eu tenho uma vida normal como sempre tive. Então, esse empréstimo não era para o benefício próprio para ninguém.”


Roberto Jefferson, ao responder perguntas do MPF
"MPF: O senhor mencionou antes ao Excelentíssimo Doutor Marcello que conversou com o presidente Lula, por duas vezes, sobre os fatos narrados na denúncia, vamos assim dizer. O Senhor poderia descrever isso?
Roberto Jefferson: Foi em janeiro de 2005 a primeira vez. Estávamos eu, ele e o ministro Walfrido. Eu percebi que o presidente foi surpreendido com a notícia. Depois, eu reiterei a ele essa notícia do mensalão no final de março de 2005, já em presença do ministro Aldo Rebelo, o líder do governo à época, hoje presidente da Câmara, e estava presente o ministro Walfrido dos Mares Guia, do PTB, que era o ministro do Turismo"

MPF: Nas duas vezes, ele fez alguma menção de tomar alguma atitude em termos de mandar investigar?
Roberto Jefferson: Sim, mostrou profunda indignação. [...] A primeira vez, quando falei isso a ele, Excelência, ele chegou a ter lágrimas nos olhos."

Michel Temer, ao responder questões do MPF por ofício
“MPF: Vossa Excelência conhece Marcos Valério Femandes de Souza?
Michel Temer: Não.

MPF: Durante seu período como Presidente do PMDB, houve repasse de recursos do Partido dos Trabalhadores-PT para o PMDB?
Michel Temer: Não.

José Genoino, em depoimento relatado no processo
"Que desconhecia a distribuição de recursos financeiros a partidos e parlamentares da base aliada através de Marcos Valério por ordem de Delúbio Soares. (...) Que todo o controle das despesas e receitas do Partido dos Trabalahdores ficava a cargo de Delúbio Soares, que não tinha conhecimento de que o Partido dos Trabalhadores não registrava em sua escrita contábil sua movimentação financeira na totalidade. Que Delúbio Soares quem tinha essa obrigação, conforme determinação estatutária."

Marcos Valério, em depoimento relatado no processo
"Que um dos seus principais interlocutores em Brasília/DF é o seu amigo pessoal Delúbio Soares, que se encontra com Delúbio Soares para conversar sobre diversos assuntos, tais como política, imagem do governo federal, assuntos familiares e lazer, que não possui nenhum negócio comercial com Delúbio Soares.”