Tucanos debatem como retomar o poder
da Folha de S.Paulo
Criado em junho de 1988 por um grupo de parlamentares do PMDB alijado das administrações do presidente José Sarney e dos governadores do partido, os líderes do PSDB hoje discutem por que estão outra vez longe do poder.
"Acho que, nos 20 anos do PSDB, nós avançamos. Só que nossa tarefa é ir mais perto do povo. O PSDB foi criado em 1988 de cima para baixo", diz Geraldo Alckmin.
A observação de Alckmin é corroborada pelos estudiosos: "O PSDB nasceu com base exclusivamente parlamentar, algo exótico para um partido social-democrático, sem vínculos com organizações e movimentos da classe trabalhadora", explica Poméia Genaio, autora de "A Formação do Partido da Social Democracia no Brasil".
O partido se estruturou em torno desse "núcleo central, composto por um pequeno número de atores", em torno dos quais gravitavam políticos locais, diz Raiane Patrícia Severino, que prepara a tese "A Dinâmica Política Interna do PSDB Paulista".
Essa centralização é confirmada pelo deputado Ricardo Montoro, filho de Franco Montoro: "Quando foi fundado, as decisões eram debatidas por meu pai e por outros líderes do PSDB, como FHC ou Covas".
Segundo cientistas políticos, o objetivo desse bloco parlamentar não era o parlamentarismo -bandeira logo abandonada assim que a legenda chegou ao poder.
"O PSDB foi criado por motivos pragmáticos. Um grupo de deputados federais e senadores estava afastado do ministério e sem espaço de atuação dentro do PMDB", diz o cientista político Celso Roma, autor da tese "A Social Democracia no Brasil: organização, participação no governo e desempenho eleitoral do PSDB".
Como Sarney, então bastante impopular, não tinha um candidato forte para sucedê-lo, "o momento político não podia ser mais favorável à criação de um partido: a fundação do PSDB viabilizou, num momento oportuno, a candidatura de Covas à eleição presidencial".
Desde o início o grupo defendia a agenda adotada por FHC no governo: "A campanha de Mario Covas, na eleição presidencial de 1989, já destacava a necessidade de um "choque de capitalismo" no país", afirma Celso Roma.
Segundo André Pereira Guiot ("O "moderno príncipe" da burguesia brasileira: o PSDB"), essa pauta resultava das ligações orgânicas da cúpula tucana com o setor financeiro, que levou a um "rápido processo de "banqueirização" das decisões públicas".
Tudo isso deu ao PSDB um perfil relativamente coeso, diz Roma: "Não há fundamento político para a divergência entre seus grupos regionais. A atual desavença no ninho tucano se deve à candidatura presidencial de 2010.
O partido tem uma vaga disponível e três aspirantes a ela: José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves".
Os tucanos têm consciência disso: "O PSDB sabe por experiência como ganhar ou como perder eleição. A condição primeira é a unidade. Tivemos duas eleições presidenciais em que faltou unidade", diz o deputado José Aníbal (SP).
Ou, como afirma o governador Aécio Neves (MG), "falta no Brasil desprendimento, generosidade e coragem política para construirmos, todos, uma grande convergência nacional".
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