domingo, 23 de novembro de 2008

‘O rei está nu...Põe a roupa, presidente’, pede FHC (Josias de Souza)




Folha
O homem não é senão um somatório de suas fixações. Mas FHC subtraiu de seu cotidiano todas as obsessões. Concentra-se numa só.



Dê-lhe um microfone e uma platéia e o ex-presidente logo estará discorrendo sobre sua idéia fixa: Lula.



O PSDB de São Paulo pôs FHC diante de 800 tucanos –prefeitos e vereadores eleitos em outubro passado.



Do alto do caixote, FHC disse que o tucanato não deve exagerar na agressividade a Lula. Desconselhou a crítica pessoal ao presidente. Em seguida, pôs-se a criticar.



"Não precisamos ser agressivos pessoalmente com ninguém. Mas nem por isso vamos dizer tudo o que seu mestre fala está certo. Não está...”



“...Temos que dizer: o rei está nu, aqui, ali, acolá. Põe a roupa, presidente. Não diga bobagem, presidente. Seja mais coerente com sua história...”



“...Não seja tão rápido no julgamento do que os outros fizeram. Perceba que uma nação se faz numa seqüência de gerações...”



“...Não seja tão pretensioso. Seja um pouquinho mais humilde”. Acha que o governo Lula “traiu” os eleitores.



"O governo atual disse uma coisa para o país e fez outra. Fez outra. Não importa que essa outra tenha sido a seqüência daquilo que nós tínhamos feito anteriormente...”



“...Do ponto de vista de comportamento, eles traíram seus eleitores. Não podemos aceitar essa história de que todos os gatos são pardos...”



“...Nós não somos gatos pardos. Somos outra coisa. Somos tucanos”. Em timbre irônico, FHC surfou na “marolinha”.



"Nós inventamos aqui uma teoria, no Brasil - nosso presidente, que é um grande economista, foi o primeiro a propagar essa teoria...”



A teoria “...se chama decouped, quer dizer, separação. Ou seja, aqui é uma ilha. Se vier, vem marola. Marolinha". A platéia foi à gargalhada.



Ao discorrer sobre 2010, FHC disse que o PSDB precisa ter um nome até o segundo semestre de 2009. Evitou enunciar a preferência por Serra. Citou também Aécio.



Só não disse com que roupa seu partido vai ao samba da sucessão. Deixou no ar a impressão de que, a exemplo do rei, também a oposição está nua.



Falta-lhe a roupagem de um bom discurso alternativo. Alvo que vá além da oca agressividade.

Escrito por Josias de Souza às 04h04

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