"Uma cidade em que se morre de picada de mosquito, não é uma cidade segura" (Alessando Molon).
Molon promete Rio mais seguro (Tribuna da Imprensa)
Candidato do PT diz que conceito de segurança é abrangente e envolve saúde e educação
O candidato do PT à prefeitura do Rio, deputado estadual Alessandro Molon, afirma que a meta da sua gestão, caso eleito, será garantir a segurança dos moradores da cidade. E quando fala em tal questão, não se refere somente à área da segurança pública, mas também aos investimentos em educação, e saúde.
"Uma cidade em que se morre de picada de mosquito, não é uma cidade segura. Assim também podemos dizer que uma cidade em que os idosos caem nas ruas por falta de conservação das calçadas, em que determinados locais não têm sinalização para o trânsito e para o turista, ou onde falta iluminação, não é segura. Todas essas questões entram no nosso conceito de segurança", diz.
Para o prefeitável, que tem a jornalista Léa Tiriba como candidata a vice, é necessário oferecer alternativas para os jovens avistarem novos horizontes, através de uma escola de qualidade, com oportunidades também de esportes, cultura e lazer. Em relação à Guarda Municipal, Molon defende uma melhor orientação em relação ao atendimento da população e a promoção de uma integração da corporação com as várias polícias. "É preciso que exista um planejamento que dê unidade à ação das forças que atuam nesse campo", afirma.
O parlamentar ainda prevê em seu plano governamental uma atenção especial à prevenção de endemias, a reestruturação dos hospitais e dos programas de saúde, o fim da aprovação automática, a disponibilidade de creche e pré-escola, incentivos no turismo de negócios e nas potencialidades do Rio, além de uma completa mudança no setor de transportes. Molon reconhece que sua candidatura ainda é pouco conhecida, mas diz esperar que os índices nas pesquisas mudarão a partir desta semana, quando os programas eleitorais começam a ser exibidos nas TVs.
Marcelo Copelli
TRIBUNA DA IMPRENSA - Quais seriam as prioridades do Rio, atualmente?
ALESSANDRO MOLON - Em primeiro lugar, o nosso compromisso é de fazer do Rio uma cidade segura para todos. Precisamos colocar a prefeitura a serviço dessa causa e construirmos uma cidade em que as pessoas possam morar e trabalhar com garantias no seu ir e vir. Esse conceito vai além da segurança pública. Passa por exemplo, pela saúde. Uma cidade em que se morre de picada de mosquito, não é uma cidade segura. Assim também podemos dizer que uma cidade em que os idosos caem nas ruas por falta de conservação das calçadas, em que determinados locais não têm sinalização para o trânsito e para o turista, ou onde falta iluminação, não é segura. Todas essas questões entram no nosso conceito de segurança, e o nosso programa se organiza pautado nessa idéia.
Dando continuidade ao tema, de que forma o próximo prefeito do Rio poderá contribuir para ajudar a minimizar a violência que assola a população?
A prefeitura pode dar uma grande contribuição garantindo, por exemplo, iluminação. Quanto mais clara, mais segura a cidade. Devemos também incentivar o adolescente a permanecer e apostar em seu futuro dentro da legalidade, através de oportunidades de esportes, cultura, lazer, com uma educação pública de qualidade. Isso tudo é investimento preventivo em segurança pública. Em relação à Guarda Municipal, é fundamental que façamos com que seja estatutária e não celetista.
Vamos orientar o guarda municipal para que ele saiba que a sua missão é proteger o cidadão e não multar carros. Vamos aumentar o contingente para pelo menos 9 mil guardas municipais. Hoje são 5.500. Para cuidar do trânsito, faremos um concurso específico para o cargo de agente de trânsito. Nos locais onde for necessário, iremos garantir a Guarda Municipal 24 horas. Por fim, promoveremos a integração da corporação com o trabalho das polícias Militar, Civil e Federal, instalando uma Gabinete de Gestão Integrada aqui no município.
Você acredita que hoje pela manhã (13/08), quando a Guarda Municipal foi para as ruas, ela não sabia para onde estava indo a Polícia Militar, e vice-versa? É preciso que exista um planejamento que dê unidade à ação das forças que atuam nesse campo. Com a dedicação da Guarda ao que chamamos de atendimento social, tipo a reclamação por barulho, briga entre marido e mulher, liberamos a Polícia Militar para que ela enfrente o crime organizado, o narcotráfico, os traficantes de armas, as milícias, entre outros. Devemos destacar que isso tudo será feito sem a necessidade de termos agentes armados. No máximo, alguns segmentos poderão dispor de armamento não-letal. Não queremos transformar a Guarda em uma outra polícia. Ela tem que ser comunitária, de proximidade e que conheça a localidade onde atua.
Quais seus planos no que se refere à questão caótica da saúde no Rio, com hospitais em péssimas condições, profissionais mal remunerados, e a população entregue ao descaso?
Atualmente, ao invés de prevenir as doenças, a gestão espera que as pessoas fiquem doentes, que a doença se torne grave e que as pessoas sejam atendidas nas emergências dos hospitais. É preciso inverter essa lógica. Devemos começar exatamente pela prevenção, e isso se faz com o programa "Saúde da Família". É preciso evitar que as pessoas cheguem à emergência já em um estado grave. Em Belo Horizonte, por exemplo, 76% da população é atendida por esse programa. No Rio, são só 7%. Além disso, assumiremos o papel de gestor do Sistema Único de Saúde (SUS) no território da cidade. Isso significa organizar e planejar a atuação de cada ente federado na Saúde no Rio, inclusive a do Estado e da União.
Esse é o papel da prefeitura no SUS e que atualmente não é cumprido. Vamos estender o horário de funcionamento dos postos de saúde até às 22h e iremos garantir emergência próximo as casas das pessoas em toda a cidade. Com isso, desafogaremos os hospitais, que também serão recuperados fisicamente. Por fim, iremos qualificar e remunerar bem os profissionais do setor. Sem isso, não há como recuperar a Saúde no Rio.
O que o senhor prevê, no que tange à recuperação do ensino público municipal, já que atualmente, a prefeitura não aplica o preceito constitucional obrigatório por lei que determina a aplicação de 25% da arrecadação na educação?
De imediato, cumprir a lei e a Constituição. Temos que investir, pelo menos, os 25%. Gastaremos mais. Além disso, vamos acabar com a aprovação automática. Não é possível imaginar uma Educação de qualidade, se, de antemão, o Município diz para todas as crianças que elas estão aprovadas automaticamente. Faremos uma seleção bem feita do pessoal que irá atuar no setor, uma atualização continuada do professor, recuperaremos salarialmente a dignidade do servidor, teremos apoio pedagógico nas escolas, além de oferecermos a todas as crianças de 0 a 5 anos creche e pré-escola. A criança que tiver tal oportunidade, hoje, desde 1 ou 2 anos de idade, vai chegar no ensino fundamental preparada para aprender melhor.
A observação dos orçamentos da atual gestão demonstraram pouquíssimos gastos em habitação. Ao mesmo tempo, para mexer com a questão é preciso conciliar um eficiente sistema de transportes de massa, hoje, também afogado na degradação. Que tipo de políticas efetivas poderão ser desenvolvidas nesse sentido?
A nossa prefeitura vai ter política habitacional, construindo moradias populares e fazendo parcerias com a Caixa Econômica Federal (CEF) para estender o Projeto de Arrendamento Residencial (PAR) às diversas regiões da cidade. Agora, não há como resolvermos o problema da habitação sem uma mudança completa no sistema de transportes, conforme você bem disse. Reorganizaremos completamente o setor com absoluta independência em relação às empresas de ônibus. Não aceitamos doação nem de empresas ou empresários do segmento. Desenvolveremos o processo através do interesse do usuário.
Vamos licitar todas as linhas e as reorganizaremos, assim como os seus percursos, a partir de um estudo aprofundado em que ouçamos especialistas e os moradores da cidade, com audiências públicas, projetos, debates na Câmara dos Vereadores, na prefeitura, e assim por diante. O transporte sobre trilhos também será uma grande aposta, através do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que é o metrô de superfície. Tudo funcionando de forma integrada com outros meios de transporte pelo Bilhete Único que o PT criou em outras cidades e que foi implantado com muito sucesso. A pessoa paga uma só passagem mesmo que ela precise pegar vários meios de transporte diferentes.
Quais articulações o senhor analisa como fundamentais que deverão ser feitas pelo município para respaldar a questão da gerar uma maior oferta de empregos na cidade?
O Rio tem que redescobrir e apostar em suas vocações. Na vocação do turismo, por exemplo, voltado ao lazer e aos negócios. Conforme dito antes, temos que ter uma cidade mais segura, limpa e melhor sinalizada. Organizaremos uma grande intervenção na Zona Portuária da cidade, construindo um enorme complexo de centros de convenções, um centro gastronômico, de entretenimento, com centros culturais, além de estimular a presença da rede hoteleira no entorno da região. Com essa infra-estrutura traremos mais gente para a cidade. Outras vocações que devemos estimular são a produção do conhecimento, dos centros de pesquisa, de inteligência e inovação tecnológica.
Na área do designer, temos a melhor escola da América Latina, que é a Escola Superior de Desenho Industrial, aqui na Lapa, ligada à Uerj. Pretendemos atrair investidores de diversos segmentos, serviços especializados, pequenos e médios bancos de investimentos. Temos potencial. Estimular isso é gerar emprego e renda. É fundamental o apoio do governo federal e não há outra candidatura que possa representar melhor essa parceria do que a minha, que sou do mesmo partido que o presidente Lula. Embora ele trabalhe com qualquer prefeitura, e isso é um princípio, certamente a gestão de um prefeito do PT irá contribuir para que a gente tenha uma afinidade maior nos projetos.
Quais os pontos fortes e pontos fracos da sua candidatura e de que forma o senhor pretende administrar a necessidade de mostrar ao eleitor suas propostas diante do fato de ser o candidato com o menor tempo durante o horário eleitoral gratuito?
O ponto fraco da nossa candidatura é o fato de eu ainda não ser conhecido por cerca de 70% do eleitorado. Certamente isso vai mudar a partir do dia 20, com o primeiro programa de prefeitos. Quando as pessoas começarem a efetivamente conhecer a nossa candidatura, verão que é a que tem o melhor conteúdo, as melhores propostas e o melhor programa. Tenho uma trajetória limpa, credibilidade e sou de um partido que tem compromisso com as melhores administrações municipais feitas no Brasil. Hoje, dos quatro prefeitos mais bem avaliados no Brasil, segundo o Datafolha, três são do PT; Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. Iremos crescer, chegaremos ao segundo turno e vamos vencer as eleições.
Quem é?
Advogado, 36 anos, Alessandro Molon se formou em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Nela também foi graduado mestre em História das Idéias Políticas. Molon lecionou História no ensino básico durante oito anos, tendo atuado tanto na rede municipal de ensino quanto na rede particular. É bacharel em Direito, formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio).
Católico, iniciou sua atuação parlamentar como forte opositor ao governo Garotinho e depois ao governo Rosinha. Em 2000, foi candidato a vereador no Rio e perdeu; mas em 2002, foi eleito deputado estadual e reeleito em 2006 com o maior número de votos do seu partido. Teve seus mandatos voltados para a defesa da educação. Atualmente, preside a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) e integra a Comissão de Educação.
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