Assembléia do Rio cassa Álvaro Lins
Lins é acusado, entre outros crimes, de formação de quadrilha e de lavagem de dinheiro
Acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha armada, facilitação de contrabando e corrupção passiva, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) teve o mandato cassado ontem pelo plenário da Assembléia Legislativa.
Votaram a favor da cassação 36 deputados - metade mais um dos 70 parlamentares - exatamente o número mínimo necessário de votos para a cassação. Lins foi chefe da Polícia Civil nos governos de Anthony Garotinho e de sua mulher, Rosinha Garotinho. A cassação foi proposta pelo Conselho de Ética da Alerj sob a alegação de quebra do decoro parlamentar.
Dos 63 deputados que votaram na sessão, 24 foram contra a cassação e três se abstiveram. O resultado surpreendeu até parlamentares favoráveis à perda do mandato, que acreditavam que o voto secreto absolveria Lins. No lado oposto, surpreenderam-se também os correligionários do deputado cassado, que antes da sessão pareciam confiantes na vitória.
Embora tenha, em público, insistido em manter a isenção durante o processo de cassação de mandato, o presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB), teve um peso importante na cassação do mandato de Lins. Segundo aliados de Picciani, o presidente, com grande influência entre os deputados menos expressivos, vinha dizendo que não valia a pena para o Legislativo o desgaste pela absolvição do ex-chefe da Polícia Civil. Nos bastidores, havia uma divisão entre o grupo de Picciani e o de Lins dentro na Assembléia e no próprio PMDB.
Lins foi preso em flagrante por lavagem de dinheiro no dia 29 de maio passado e saiu da cadeia graças a uma decisão do plenário da Assembléia. Até agora não há informações de novo mandado de prisão contra o deputado cassado. O ex-chefe da Polícia Civil foi denunciado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. No mesmo grupo de denunciados está o ex-governador Garotinho, acusado de fazer parte da quadrilha.
Tanto Álvaro Lins quanto Garotinho negam qualquer envolvimento nos crimes. No discurso de defesa, o ex-chefe da Polícia Civil chamou de "canalhas", "porcos" e "cachorros" os policiais federais que o prenderam. Fez referência ao livro "A revolução dos bichos", de George Orwell, em que os animais de uma fazenda se revoltam contra os maus tratos e assumem o lugar do proprietário. "Peço que digam não a esses porcos, a esses cachorros e digam sim à Justiça", apelou Lins aos colegas.
A sessão plenária teve clima de briga de torcida, com manifestantes a favor e contra a cassação que não paravam de aplaudir, vaiar e xingar. Enquanto os que defendiam a punição chamavam Lins de "ladrão" e gritavam "fora", os defensores do peemedebista xingavam os deputados que iam à tribuna anunciar o voto a favor da cassação. "Bruxa", gritaram para a deputada Cidinha Campos (PDT), uma das maiores defensoras da perda do mandato de Lins.
O deputado foi o terceiro parlamentar cassado pela Assembléia do Rio nesta legislatura. No início deste ano, perderam os mandatos as deputadas Jane Cozzolino (PTC) e Renata do Posto (PTB).
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial