segunda-feira, 2 de julho de 2012


Prefeito do PT é pilhado em vídeo de Cachoeira (Josias de Souza)


Raul Filho, prefeito petista de Palmas, capital do Tocantins, é estrela num vídeo recolhido pela Polícia Federal na casa de um ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira. Na peça, o prefeito negocia com o contraventor verbas para sua campanha. Em troca, oferece negócios na administração que assumiria.
O vídeo é de 2004, ano em que Raul Filho obteve seu primeiro mandato como prefeito. Apreendido no curso da Operação Monte Carlo, veio à luz em reportagem exibida peloFantástico. Contém diálogos claros como água de cachoeira.
Raul introduz o assunto: “Viu, Carlinhos, o que a gente busca é o seguinte: nós temos um projeto político, um projeto de poder no Tocantis. Palmas é um estágio.” Pragmático, Cachoeira vai ao ponto: “Mas Raul, o que você está precisando lá, hein?”.
Sem muitos rodeios, Cachoeira lança a isca: “Você acha que um grande show seria bom para você lá na reta final [da campanha]?”. O petista Raul morde o anzol: “Ah, com certeza”. O então candidato como que escancara as portas de sua futura administração para o provedor.
Raul soa assim no vídeo: “Lá é tudo mesmo na base do arranjo, sabe? Palmas tem uma série de oportunidades a ser explorada [sic], no campo imobiliário, transporte… Lá tem uma questão que nós vamos rever, a concessão de água.”
Depois de abrir o cardápio de negócios, convida Cachoeira a se servir: “Essa composição, isso depende muito de vocês, em que área vocês querem atuar.”
Cachoeira mostra-se interessado. Além de custear um show, providenciaria verbas. Indica um auxiliar para negociar as compensaçõe$: “Eu posso falar que até sexta vou dar uma posição para você do show e o que nós podemos entrar aí em verba. Você vê com o Alexandre aí qual o nicho que a gente pode participar posteriormente.”
Noutro vídeo, gravado semanas depois, às vésperas da eleição municipal de 2004, Cachoeira recebe um preposto do futuro prefeito. Um personagem que a PF identificou como Sílvio. Travada em timbre vadio, a conversa gira em torno de uma cifra e do modo como a verba escoaria de Cachoeira para as arcas eleitorais de Raul.
Sílvio diz a Cachoeira: “É comprometer esses R$ 150 mil e o show com coisas palpáveis. Vai acontecer o seguinte, nós vamos tentar fazer isso, certo? Porque se eu puder ter uma aposentadoria e o Raul ter uma, tudo bem.” E Cachoeira, sempre pragmático: “Você trabalha em cheque?” O representante de Raul responde afirmativamente: “Cheque. Dinheiro não.”
Cachoeira concorda. Fala dos riscos de transportar o mimo de Goiânia para a capital do Tocantins em moeda sonante: “Você não tem nem como passar com esse dinheiro no raio x, você vai de avião não é?”. Tomado pela resposta, Sílvio pareceu ter experiência em transações do gênero: “Eu não mexo com dinheiro de jeito nenhum.”
Cachoeira indaga: “É para pagar quem, é um só?” Sílvio ilumina os caminhos do caixa dois: “Lá é o seguinte, sabe o que fazer? Passo para o Alexandre um fax de umas cinco contas pulverizadas, que não têm nada a ver com campanha. Chega lá, amanhã, não tem problema nenhum.”
Procurado para comentar o conteúdo radioativo dos vídeos, o prefeito Raul Filho não foi localizado. A assessoria da prefeitura de Palmas informou que não conseguiu achá-lo. Esse é o terceiro filiado do PT a ser exposto no caso Cachoeira. Os outros dois são: Antônio Gomide, prefeito de Anápolis (GO); e Rubens Otini, deputado pelo PT de Goiás

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