domingo, 4 de outubro de 2009

Risco de ser impugnada candidatura de Ciro à Presidência foi um dos motivos para a transfêrência do seu título para São Paulo


Domingo, 04 de Outubro de 2009 | 08:03Hs

Redação

Kamila Fernandes
Especial para o UOL Notícias
Em Fortaleza

O deputado federal Ciro Gomes (PSB) afirmou, neste sábado (3), na Assembleia Legislativa do Ceará, que um dos motivos para a transferência de seu domicílio eleitoral para São Paulo foi o risco de ter sua possível candidatura à Presidência impugnada por pertencer à mesma circunscrição eleitoral de seu irmão, o governador cearense, Cid Gomes (PSB). Um parecer da assessoria jurídica do partido apontava a possibilidade, afirmou o deputado, em Fortaleza.

"Eu não dou valor a esse argumento. Sou bacharel em direito e para mim não há qualquer dubiedade na lei", disse. "Evidentemente é um risco muito mais político do que jurídico, na minha opinião, eu sei bem como as coisas podem acontecer no país, e mais um argumento se somou", continuou.

* Kamila Fernandes/UOL

Ciro Gomes dá explicações sobre transferência de domicílio eleitoral neste sábado, no Ceará


O parecer foi apresentado a Ciro nesta quinta-feira, no Recife, durante reunião com o governador de Pernambuco e o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para definir o assunto. Logo após do encontro, foi anunciada a transferência.

O possível impedimento de Ciro em disputar a Presidência se daria por um ponto da legislação eleitoral, que restringe a candidatura de políticos com parentesco e consanguinidade de até terceiro grau, caso pertençam à mesma circunscrição eleitoral. Para o deputado, o fato de disputar a Presidência, e não um cargo no Ceará, já indica uma circunscrição diferente da do irmão. Mas para os advogados do PSB, esse ponto poderia ter uma interpretação dúbia e gerar incerteza ao partido.

Pedido de Lula pesou
Ciro afirmou que, em ordem de importância, o que preponderou em sua decisão de transferir o título para São Paulo foi primeiro o pedido do presidente Lula, que argumentou, em conversas recentes, que ele deveria deixar mais de uma porta aberta para 2010 - no caso, ele não ficaria restrito à Presidência, mas poderia sair também candidato ao Governo de São Paulo. Depois, veio a ponderação do PSB, que considerou importante, para viabilizar a candidatura ao Planalto, construir uma proximidade maior com São Paulo, que detém 40% do PIB (Produto Interno Bruto) e 22,5% do eleitorado do país.

O pré-candidato a presidente nega, porém, qualquer intenção de disputar o governo paulista. "Eu não tenho a menor pretensão de ser candidato a governador de São Paulo. Sabe, eu conheço São Paulo como qualquer brasileiro que se dispõe a se preparar para ser presidente do Brasil, mas eu não tenho a menor intimidade com a rotina de São Paulo, nem farei de conta que tenho, não é meu estilo", disse. Ciro reafirmou que ficará nas mãos do PSB a decisão final sobre sua candidatura à Presidência e que, se o partido decidir não lançá-lo, não será candidato a nada.

Dentro da estratégia do PSB de aproximar Ciro do universo paulista, ele considera o recém-filiado ao partido Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), um importante interlocutor entre os empresários. Skaf, que tem pretensão de ser candidato ao governo de São Paulo, foi uma das primeiras pessoas para quem Ciro telefonou logo que decidiu efetivar a transferência de domicílio, para explicar os motivos e tranqüilizá-lo de que não seria um concorrente interno pelo governo.

A entrevista foi pedida pelo próprio Ciro para justificar sua mudança aos cearenses, aos quais ele procurou demonstrar gratidão. "Até o último dia da minha vida, que eu espero que não seja muito curta, eu trabalharei para o povo cearense e ainda morro devendo." Após se explicar, Ciro pediu que os cearenses confiem nele. "Eu sei o que estou fazendo", concluiu.

Entre as conversas que teve antes de tomar a decisão final, Ciro disse que ouviu o senador Tasso Jereissati (PSDB), seu antigo aliado no Estado, mas um dos principais nomes de oposição nacional ao governo Lula. Segundo ele, Tasso apoiou a mudança de domicílio. "Sim, ele achou que eu devia também. Só eu que achava que não."
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