O poste do apedeuta - Postada por Luiz Carlos Nogueira
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Sociólogo e professor universitário.
Contatos através do email: jrodorval@uol.com.br
Postado em 30/09/2009 09:32
O poste do apedeuta
Sucessivas pesquisas têm demonstrado as enormes dificuldades de Lula emplacar a sua sucessora, Dilma Rousseff. O Presidente da República, que nunca saiu do palanque, tem insistido em colocar a Chefe da Casa Civil debaixo do braço e levá-la aos seus comícios diários em todos os cantos e recantos ‘deste país’. Mas, a ministra está difícil de decolar. Naturalmente, ainda é cedo para fazer apostas, pois os cenários somente se estabilizarão no primeiro semestre do próximo ano. Entretanto, alguns elementos podem, desde já, esclarecer o fraco desempenho da pré-candidata. Vejamos alguns, começando por traços significativos do seu perfil.
Dilma Vana Roussef Linhares, 62 anos, economista, nasceu em Belo Horizonte, militou em grupos terroristas a partir de 1964 e, com o processo de abertura política, se deslocou para o Rio Grande do Sul, construindo uma carreira militando no PDT, de onde saiu para o PT no final dos anos 90. Dilma nunca foi candidata a nada. Sua atuação se desenvolveu através de cargos comissionados, funções burocráticas, atividades mais técnicas, como Secretarias da Fazenda e de Minas e Energia. Veio daí a sua fama de boa administradora.
Esse breve currículo da Chefe da Casa Civil encheu os olhos do apedeuta, que logo notou que aquela senhora com feições de fenemê (esta é para quem tem mais de 40) parecia saber do que falava quando participava das reuniões. Considerando a escassez de quadros petistas, ela parecia boa técnica, apesar da parca formação acadêmica e do esquálido portfólio de sua atuação administrativa. Acrescente-se a trajetória da ministra uma passagem pelo terrorismo de esquerda, prisão, tortura e um senso de fidelidade canina aos chefes, o que a valorizou ainda mais no universo petista. No que se refere ao estilo administrativo, fala-se de uma figura agressiva, antipática, arrogante e acostumada a aterrorizar o interlocutor hierarquicamente inferior. É esse, basicamente, o material a ser trabalhado pelos marqueteiros do lulo-petismo para alçar essa cidadã ao cargo mais cobiçado da nossa república.
Com a popularidade nas alturas e a cúpula petista envolvida até o pescoço nos mais variados escândalos, o pai de Lulinha bateu o martelo – é ela! O petismo se assanhou (ainda está se assanhando), os aliados têm olhado atravessado, sobretudo o PMDB, os bate-paus do partido na imprensa foram procurando virtudes na administradora e ajudando aos formadores de opinião a engolir a mercadoria do ‘sapo’ e está aí definitivamente (?) colocada a candidatura do Governo.
No entanto, nenhuma estratégia para elevá-la aos píncaros das pesquisas eleitorais tem surtido efeito. Primeiramente, o temperamento e a imagem da indigitada não ajudam. Não estou entre aquelas pessoas que escolhem políticos pela ‘aparência’, mas é fato que os especialistas em marketing não pensam noutra coisa e, literalmente, operam abundantemente no caso de Dilma. Na minha avaliação, as intervenções cirúrgicas e ‘retoques’ dos mais variados só ajudaram a roubar-lhe aquelas expressões normais que a velhice nos traz. Aquele sorriso, quase Coringa (lembram de Batman?), que o cirurgião lhe colou às faces, piorou bastante o projeto original, por incrível que pareça.
No que diz respeito à comunicabilidade da candidata, as expressões desagradáveis vêm à tona sempre que ela abre a boca e, às vezes, prescindem até desse gesto. O episódio do currículo lattes, onde registrava-se que ela tinha mestrado e doutorado, foi extremamente embaraçoso, pois a Unicamp – universidade na qual ela teria conseguido os dois títulos – se manifestou publicamente desmentindo a história.
Seu desempenho administrativo é sofrível: passou pelo setor de energia do Governo e quase tínhamos um apagão, está à frente do Programa de Aceleração do Crescimento e o que vemos é um conjunto de obras emPACadas e sem nenhuma repercussão fora da mídia. Nesse ‘deserto de ideias’, que é o Governo Lula, ela não tem sequer o que coordenar.
Não esqueçamos, ainda, que o escândalo do dossiê sobre os gastos de FHC e da finada Ruth Cardoso na Presidência da República, colocou no meio do processo sua principal assessora e, obviamente ela própria. Tem mais: as revelações da última secretária da Receita Federal, Lina Vieira, afirmando que a ministra lhe teria pedido para ‘agilizar’ a fiscalização da família Sarney, também empurrou a candidata de Lula para o centro de outro escândalo. Só mais uma: no auge dos mais recentes descalabros éticos do Senado, Dilma Rousseff posou ao lado de José Sarney emprestando-lhe apoio amplo, geral e irrestrito para o que chamou de campanha contra um homem de bem.
Essas e muitas outras ocorrências devem ter contribuído para o fraco desempenho da ministra nas pesquisas. Na última, por exemplo, ela já aparece em terceiro lugar, atrás de José Serra (disparado em 1° lugar) e Ciro Gomes (ainda que em condição de empate técnico).
Ainda é cedo e a máquina do Governo está apenas ‘trotando’. Todavia, o que parece é que o PMDB já começa a descer do seu palanque; o fenômeno da transferência de votos ainda está por ser desvendado; a oposição demonstra mais unidade; o próprio PT está insatisfeito com a possibilidade de afundar com uma recém-companheira. Enfim, no atual momento, uma coisa é certa – Dilma ainda é um poste. A questão é saber se o apedeuta elege até esse tipo de produto. Como o Brasil tem 8.511.965 km2 de extensão e 5 centímetros de profundidade, como diria Ivan Lessa, fico aqui com as minhas apreensões.
Fonte: Site Cinform/blogs/Rodorval Ramalho (clique aqui para conferir)
Luiz Carlos Nogueira, diz: vejam a matéria da Jornalista Ruth de Aquino, clicando aqui O presidente Lula e o homem comum
1 Comentários:
O presidente LULA errou na escolha, devia ter ungido a Marina que tem uma história parecida com a dele. Como a ex-ministra ainda não tem “real nacional” e pouco tempo na TV para expor suas idéias dificilmente passará para o segundo turno. Por mais que o presidente Lula se esforce, à ministra Dilma não tem empatia com o povo, falta-lhe o “carisma” para tocar o coração do eleitor e oratória para prender o eleitor diante de seus discursos.Mantido o cenário eleitoral que aí está, para desbancar o Serra no segundo turno- que as pesquisas apontam como certo- somente Ciro, com seu conhecimento e “ligua afiada” será capaz virar o jogo.
A oposição só ganhará a eleição no primeiro turno se substituir Serra por Aécio, porque se assim for, Ciro desiste da sua candidatura.
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