Após escândalo, PPS decide deixar o governo Arruda
Bruno Miranda/Folha
Aliado e integrante do primeiro escalão do governo do Distrito Federal, o PPS decidiu bater em retirada.
A direção do partido determinará a todos os filiados que ocupam cargos na gestão de José Roberto Arruda (DEM) que se exonerem.
O posto mais relevante confiado por Arruda ao PPS é a secretaria de Saúde do GDF. Ocupa-o o deputado federal Augusto Carvalho (PPS-DF).
Na última segunda-feira (23), Augusto retomou o seu mandato de deputado.
Voltou à Câmara por uma semana, só para apresentar dois projetos de lei (aqui e aqui).
Seu retorno à secretaria de Saúde estava previsto para esta segunda (30). Na sexta (27) estourou o caso do 'Demensalão', o mensalão do DEM.
Na curta ausência de Augusto, a pasta da Saúde do GDF foi tocada pelo secretário adjunto Fernando Antunes, também filiado ao PPS.
Deve-se a decisão de desembarcar o PPS do governo Arruda ao presidente nacional da legenda, o ex-deputado Roberto Freire (PE).
Para Freire, as evidências de corrupção na gestão Arruda impedem que o PPS continue colaborando com o governo do DF.
Na noite passada, Freire trocou idéias sobre o escândalo do GDF com o deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Jungmann encontra-se em Tegucigalpa. Foi à capital de Honduras como observador das eleições presidenciais que ocorrerão neste domingo (29).
Tomara conhecimento da confusão que eletrifica a cena política brasiliense pela web. Impressionado, decidiu tocar o telefone para Freire.
Segundo disse Jungmann ao blog, o rompimento do PPS com Arruda será formalizado em reunião da Executiva do PPS, nesta semana.
Além do PPS, integram o governo Arruda o DEM, partido do governador, e o PSDB, parceiro da tribo ‘demo’ no Congresso Nacional e na sucessão presidencial.
O tucanato, por ora, não se manifestou sobre os descaminhos de seu aliado no DF.
Quanto ao DEM, revelou-se aturdido com a implosão da gestão de Arruda, o único governador que a legenda conseguiu eleger.
Na última sexta, dia em que Arruda foi às manchetes em situação vexatória, os ‘demos’ esboçaram apoio ao governador.
José Agripino (RN), líder do DEM no Senado, dissera: "Não conheço as denúncias, sei que é sobre licitações envolvendo os secretários...”
“...Portanto, até que surjam fatos posteriores, o partido mantém a confiança no seu governador".
O deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente nacional do DEM, ecoara Agripino: "O STJ está fazendo as investigações e vamos esperar essas apurações...”
“...Temos a total confiança no governador Arruda [...]. Nos estranha a posição da Polícia Federal dias depois de o presidente Lula pedir para que ela tenha operações com mais cuidado".
Na virada do sábado (28) para o domingo (29), o DEM levou ao seu portal na internet uma nota vazada em timbre menos condescendente:
“As graves denúncias feitas contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda exigem esclarecimentos convincentes...”
“...O partido tem o compromisso com a verdade e aguarda a manifestação oficial do governador para poder se pronunciar”.
O texto é assinado por três grão-demos: o presidente Rodrigo Maia e os líderes Agripino (Senado) e Ronaldo Caiado (Câmara).
Arruda não deu, por enquanto, um mísero pio. Alegou que só falaria depois de conhecer o teor do inquérito que perscruta sua administração.
O processo já é, a essa altura, coisa conhecida à farta. Relator do caso, o ministro Fernando Gonçalves, do STJ, levantou o sigilo das peças.
São seis calhamaços –três volumes (aqui, aqui e aqui) e três apensos (aqui, aqui e aqui).
A demora de Arruda já não encontra amparo no desconhecimento. O governador apenas tenta construir explicações para o inexplicável.
Escrito por Josias de Souza às 05h46
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