José Sarney discursa para plenário vazio e não enfrenta constrangimentos
O discurso presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), apresentado hoje foi acompanhado por apenas cinco parlamentares. Sarney não enfrentou grandes constrangimentos. Entre os senadores presentes estavam Álvaro Dias (PSDB-PR) e Cristovam Buarque (PDT-DF), integrantes do grupo suprapartidário que ocupou a tribuna para cobrar a saída do peemedebista do cargo.
Dias criticou a resistência de Sarney em permanecer no comando da Casa, o que traria constrangimento e descrença aos 81 senadores.
"Eu que tenho muitos anos de mandato, inclusive mandato parlamentar, jamais passei por momentos de tamanho constrangimento como tenho vivido agora em razão da descrença que se generaliza em relação a esta instituição no país."
O senador pediu que Sarney não permita que seus aliados tratorem as denúncias apresentadas contra ele no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.
O tucano chamou de "deboche" as indicações governistas e disse que um julgamento honesto será essencial para manter a biografia conquistada até hoje pelo peemedebista.
"O Conselho de Ética não pode desmoralizar ainda mais esta instituição.
Eu fico refletindo sobre quais as razões de determinadas indicações. É uma tentativa de se vingar do Senado? É uma tentativa de se debochar do Senado?", questionou.
Em reposta à declaração de Sarney de está sendo vítima de injustiça, Dias afirmou que prefere ser injusto, mas preservar a Casa.
"Entre condenar a instituição e condenar o parlamentar, por mais expressivo que ele possa ser, é preferível condenar o parlamentar.
Estamos preocupados agora, senhor presidente, com o Conselho de Ética. Vossa Excelência, como presidente, que vem nesta sexta-feira, último dia de sessão, prestar contas do seu trabalho, a meu ver, tem aí uma missão."
O tucano afirmou que o peemedebista deveria deixar a presidência do Senado para preservar a instituição.
"Com todo o respeito ao senhor, pela figura política, pela liderança, pelos momentos importantes que viveu, especialmente na fase de transição democrática deste país, com todo o respeito, modestamente, humildemente, como um simples senador ou até mais, como um cidadão brasileiro, o apelo que faço é no sentido de colocar acima dos seus eventuais interesses de natureza política e preservação pessoal os interesses desta instituição", disse.
Em defesa do presidente do Senado, o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) disse que não sente na sociedade que a crise que atinge a imagem da Casa tenha a dimensão que a imprensa repassa sobre as denúncias.
"Eu não diria aqui, senador Sarney, que não temo a opinião pública.
Com ela devemos nos conciliar, mas ela não fará, em momento algum, que eu me acovarde a ponto de tentar jogar para debaixo do tapete ou esconder essa amizade que eu prezo muito.
E acho que é uma das coisas mais importantes da vida, estarmos em paz com aquilo que pensamos, com aquilo que sentimos", afirmou.
Cristovam, que usou a tribuna para pedir a renúncia de Sarney nesta semana, evitou polemizar e apenas sugeriu ao presidente do Senado que envie ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o documento com o balanço das atividades da Casa neste primeiro semestre.
Ele disse que esse ato é importante em razão das palavras de Lula, que se referiu aos senadores da oposição como pizzaiolos.
"Creio que alguém precisa dizer a Lula que ele não pode dizer assim sobre o Congresso.
E creio que ninguém melhor do que o presidente do Congresso para fazê-lo", disse.
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