quinta-feira, 4 de março de 2010

Serra deixa em Brasília um rastro de ‘irritação aliada’


Lula Marques/Folha



José Serra, o presidenciável da oposição, deixou em Brasília um rastro pegajoso de decepção e irritação.



Armara-se no Senado, ao redor da sessão em que foi celebrado o centenário do nascimento de Tancredo Neves, um palco de candidato.



Serra tinha à sua disposição holofotes, repórteres e aliados sequiosos por ouvir dele, ainda que a portas fechadas, uma afirmação de candidato.



Reagiu às luzes com uma timidez que contrastou com a desenvoltura de Aécio Neves, o neto do homenageado.



Chegaram juntos ao plenário do Senado. Aécio, solícito, distribuiu abraços, sorrisos e apertos de mão. Serra economizou cumprimentos. Risos? Só os amarelos.



Aos repórteres, o quase-candidato serviu a desconversa de sempre. Afinal, é candidato?



"Eu vim hoje aqui participar de uma homenagem ao nosso grande Tancredo Neves. Questão de eleição, a gente trata em um outro momento".



Aos aliados, Serra deu as costas. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, convidara congressistas do PSDB, do DEM e do PPS para uma reunião.



Encontrariam o governador paulista no gabinete da liderança tucana, antes da sessão comemorativa. Serra se atrasou.



Adiou-se a reunião para depois da sessão. Serra foi embora antes. Tucanos, ‘demos’ e pepêésses tiveram de se contentar com o sempre disponível Aécio.



Entre quatro paredes, crivaram-no de perguntas sobre a hipótese de virar vice. Aécio negou. Renegou. Mais um pouco e teria batido na madeira três vezes.



Quem ouviu saiu convencido de que o governador mineiro deve ser tomado a sério. Avaliou-se que não faz jogo de cena. Vai disputar o Senado. E ponto.



Aos repórteres, Aécio repetiria a frase que disse ter ouvido do avô: “Não adianta empurrar, empurrado eu não vou”.



Na noite da véspera, em encontro reservado, num hotel de Brasília, Aécio ouvira de Serra, pela primeira vez, o convite para a vice. Dissera “não”. Ajuda mais, alegara, concentrando-se em Minas.



Entre decepcionados e irritados, os oposicionistas arregimentados por Sérgio Guerra lamentaram que Serra não os tivesse brindado com sua presença na reunião.



Exceto por manifestação feita à cúpula do PSDB, pela resposta a uma pergunta humorística –“Vai pipocar?”— e pelo discurso em que injetou críticas ao petismo, Serra não foi, ainda, o candidato que seus aliados esperam.



Um candidato explícito, peremptório, indubitável. Nesta quinta (4), terá nova chance, dessa vez em vitrine mineira.



A convite de Aécio, Serra vai à inauguração da Cidade Administrativa, nova sede do governo de Minas.


Escrito por Josias de Souza às 03h21

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