segunda-feira, 18 de maio de 2009

Por vagas em 2010, oposição modera ataques ao governo

Senadores de PSDB e DEM veem riscos de não reeleição no Norte e no Nordeste, regiões onde Lula é mais bem avaliado

No lugar de atacar políticas do governo Lula, a ordem é tentar "recontar a história" de ações sociais de FHC que culminaram no Bolsa Família

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

Diante de um cenário de reeleição incerto em 2010, os principais expoentes de PSDB e DEM no Senado passaram a moderar as críticas pessoais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos programas sociais do governo, sobretudo em discursos e entrevistas em suas bases.

A cautela é maior entre os políticos do Norte e do Nordeste, onde Lula ultrapassa 70% de aprovação. Dois fatos recentes acenderam a luz amarela: a virulência com que os lulistas se voltaram contra Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) por críticas ao Bolsa Família e o tom exaltado da propaganda do PPS sobre as mexidas na poupança.

O PSDB contratou o Instituto Análise para fazer pesquisas mensais com o eleitor sobre o governo. Os resultados mostram que a imagem pessoal positiva do presidente é o grande lastro da aprovação ao governo; e a paternidade dos programas sociais é totalmente atribuída à gestão petista. A ordem, a partir daí, é não centrar a crítica em Lula e tentar "recontar a história" das políticas sociais que desaguaram no Bolsa Família.

A diretriz foi pautada pelos elogios do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), um dos que correm risco de não se reeleger, em seminário do partido na semana passada, em João Pessoa.

"Não venham dizer que somos contra ou não queremos continuar com o Bolsa Família. O programa nasceu no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e, se formos governo, e deveremos sê-lo, vamos ampliá-lo." Guerra disse que não é o caso de discutir "quem é o pai dos programas".

Em Pernambuco, as forças lulistas devem lançar dois candidatos ao Senado: o ex-prefeito de Recife João Paulo (PT) e o deputado e presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro (PTB). Segundo um aliado dos tucanos, Guerra pode sair candidato a deputado e o senador Marco Maciel (DEM) ganharia uma "saída honrosa".

Situação semelhante será enfrentada por outros expoentes da oposição no Senado. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que já ameaçou "dar uma surra" em Lula, hoje evita criticá-lo no Estado, onde sua popularidade já ultrapassou 80%. Ele diz que os programas sociais devem ser ampliados.

Virgílio deverá enfrentará o governador Eduardo Braga (PMDB), na disputa ao Senado. Mas, por decisão de Lula, os aliados do governo deverão lançar outro candidato. "A ordem do Lula é derrotar o Arthur", diz político ligado ao tucano.

No Rio Grande do Norte, além dos senadores José Agripino (DEM) e Garibaldi Alves (PMDB), entrará na disputa ao Senado a governadora Wilma Faria (PSB). Em sua fase mais "light", o líder do DEM aceitou acordo para tentar adiar a instalação da CPI da Petrobras.

Também devem enfrentar dificuldade Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Heráclito Fortes (DEM-PI). Para se viabilizar, Tasso dependeria de aliança com o governador Cid Gomes (PSB), o que dificultaria um palanque para o nome do PSDB ao Planalto no Estado. Heráclito deverá enfrentar o governador Wellington Dias (PT) e o senador Mão Santa (PMDB).

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