PT veta aliança com PSDB em Belo Horizonte
Resolução comunica que em hipótese alguma partido participará de coligação com tucanos
BRASÍLIA - Depois de dois meses de impasse, a Executiva Nacional do PT decidiu ontem vetar a aliança com o PSDB do governador de Minas, Aécio Neves, para a eleição de prefeito de Belo Horizonte. Em resolução aprovada à noite, a cúpula petista deixou claro que não autorizará, "em nenhuma hipótese", o PT a participar de coligação integrada pelo PSDB.
O documento destaca que o simbolismo de uma aliança entre os dois partidos "extrapola a dimensão política de um simples acordo municipal" porque o governo Aécio "não se coaduna com o que o PT quer para Minas e muito menos para o Brasil".
Apesar de esticar a corda com Aécio, o comando petista autorizou a parceria com o PSB na capital mineira, o que abre caminho para um acordo branco. Motivo: o acerto fechado entre o governador e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), prevê que o candidato à sucessão municipal seja Márcio Lacerda, que é filiado ao PSB. O problema é que Lacerda, afilhado político do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), é visto como um tucano infiltrado na aliança por ser secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio.
Na prática, o PT pode até aprovar a dobradinha desde que o PSDB não apareça formalmente na chapa e fique escondido na campanha. Para garantir o tempo de TV no programa eleitoral, o PSDB pode até lançar um candidato laranja e apoiar Lacerda sem mostrar a cara.
"Nós não podemos proibir ninguém de apoiar informalmente um candidato e também não vamos orientar o que Aécio deve fazer", afirmou o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP), secretário-geral do PT. "Esse acordo foi vetado porque sinalizava que a eleição de 2008 era uma referência para 2010 e não vamos permitir nenhuma aproximação programática com o PSDB."
A parceria entre petistas e tucanos em Belo Horizonte é, até agora, o primeiro movimento relevante para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. A direção do PT, no entanto, decidiu brecar o namoro por entender que jogaria água no moinho de Aécio, pré-candidato do PSDB à cadeira de Lula.
Dos 15 dirigentes presentes à reunião da Executiva Nacional, apenas dois (Romênio Pereira, secretário de Assuntos Institucionais, e Jorge Coelho, terceiro vice-presidente) foram a favor da aliança com os tucanos. Embora a cúpula petista tenha proibido o casamento, a novela promete continuar.
No domingo, o PT de Belo Horizonte vai homologar a candidatura do deputado petista Roberto Carvalho para vice da chapa liderada por Márcio Lacerda. "Não há nenhum problema no fato de o PT apoiar um candidato do PSB", insistiu Martins Cardozo. "O que não pode é formalizar uma aliança com o PSDB."
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